A grande prova de que os tempos ‘mudam o comportamento das
pessoas’ foi oferecida pelo entregador de dinheiro roubado da Nação, o homem da
mala, responsável pela circulação da propina paga a políticos, em casa, em
dinheiro vivo, notas que ele carregava coladas ao corpo. No Mensalão do Governo
Lula, até então a maior bandalheira já vista no País, o então presidente da
Câmara, o atual presidiário João Paulo Cunha, ex-deputado petista, apesar de
sua projeção e importância na roubalheira institucionalizada, não contava com
esse serviço personalizado.
Tanto que precisou mandar a mulher – é isso mesmo, a ‘mãe de
seus filhos’! – apanhar sua parte no roubo, diretamente no caixa de uma agência
bancária que funcionava em Brasília. Ao saber que a mulher fora flagrada com a
mão no cofre, João Paulo tentou o impossível: inventou que a esposa fora ao
banco pagar a conta da televisão por assinatura. Teria sido a conta mais
‘barata’ do mundo, pois ela, além de não gastar um centavo, saiu com a bolsa
recheada com R$ 50 mil.
De sua cela no presídio da Papuda (ele ainda não conseguiu
sair da cadeia, como seus comparsas petistas), imagino que João Paulo esteja
excomungando os antigos operadores das vigarices governamentais. Se fosse nos
tempos atuais, de petrocorrupção, poderia ter se livrado, ao menos, da vergonha
de ter enviado a mulher para receber seu quinhão. O dinheiro chegaria em
domicílio, como teria chegado – de acordo com as revelações do tal entregador –
nas residências de altíssimos cardeais da nossa lastimável República, petistas
e aliados de primeira hora, como o ex-presidente e atual senador Fernando
Collor de Melo e a ex-governadora Roseana Sarney.
Esse episódio do entregador de propina – revelado por Veja –
evidencia o nível de canalhice que envergonha o país. E ainda não sabemos,
oficialmente, os nomes dos políticos corruptos, beneficiários do assalto aos
cofres da Petrobras. A partir da divulgação do conteúdo das delações premiadas
que envolvem a quadrilha política, teremos a exata noção do tamanho da desfaçatez.
E, pelo que vem surgindo, não haverá hipótese de cabeças
coroadíssimas argumentarem com o desacreditado “eu não sabia”.
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