Eu tentei
dar um descanso ao meu fígado, deixando de lado, por algum tempo, as
pilantragens formais e retóricas dessa turma que está no poder há doze anos.
Mas não consegui ignorar a frase da presidente Dilma Rousseff, na sua
diplomação para mais um mandato, manchete da edição do Globo.
Segundo o
jornal, nossa principal mandatária promete “apurar com rigor” as bandalheiras
na Petrobras. Essa ‘promessa’ nada mais
é do que um processo de vigarice retórica que já deveria ter sido banido da
vida pública. Em primeiro lugar presidentes não mandam na Polícia Federal nem
na determinação de um juiz digno, com o paranaense Sérgio Moro.
Se, por
infelicidade geral da Nação, a Justiça estivesse sob o domínio direto do atual governo,
nenhum crime protagonizado por essa turma teria sido sequer alvo de uma leve
curiosidade. É mentira – exatamente isso: mentira! – que haja qualquer intenção
da presidente em aprofundar investigações, pelo simples fato de a bandalheira
ter sido realizada por seus pares, companheiros de partido, de governo, de
almoços fraternos, de festas de casamento.
Caros, os
bandidos estão no poder, de alguma forma, direta ou indiretamente. Quando um
diretor da Petrobras confessa que os preços pagos a empreiteiras eram
superlativados, quer dizer – como disse, textualmente – que a diferença,
roubada do país, era transferida para o PT e seus parceiros de crime. Não há
como escapar dessa realidade.
A desfaçatez
foi tão grande que gerou uma inesperada e duríssima reação do procurador-geral
da República, que vinha se mantendo relativamente neutro até ser impactado pelo
teor das delações premiadas. Que ninguém tenha dúvida: a abrangência do assalto
à Petrobras e o destino do dinheiro sujo podem, sim, provocar uma devastação
geral na cúpula política brasileira, comprometendo, inclusive, o mandato da
reeleita Dilma Rousseff.
Os nomes de
políticos envolvidos na gatunagem são a maior evidência de que não interessa ao
governo, sob qualquer perspectiva, estimular as investigações. O mais provável
que esteja acontecendo, pelos rumores que são ouvidos há algum tempo, é
exatamente o contrário: uma forte pressão para esvaziar as investigações, na
qual – assim como nas eleições – ‘vale tudo’, incluindo tentativas de difamar o
juiz Sérgio Moro.
Essa mesma
prática foi desenvolvida ao longo do julgamento do Mensalão do Governo Lula,
até então o maior roubo institucional já registrado no país. O então ministro
Joaquim Barbosa foi vítima de quadrilhas especializadas em difamar, além de
sofrer ataques racistas. O ainda ministro Gilmar Mendes sofreu uma ameaça de
chantagem, partida do ex-presidente Lula, segundo ele mesmo relatou, na época.
A sujeira de
agora, ao contrário do que houve no Mensalão, está muito bem documentada, pelos
autores das denúncias, subordinados à quadrilha política liderada por nomes de ‘prestígio’
no PT, de acordo com os depoimentos que começam a ser esmiuçados. A permanência
de Graça Foster à frente da Petrobras é outro indicativo da leniência oficial.
Uma leniência que, ao que indicam as notícias, é provocada pela impossibilidade
de dissociar o Governo das pilantragens.
Não, a
presidente Dilma Rousseff não pretende auxiliar na investigação. Afinal, essa
investigação é a grande ameaça que paira sobre o futuro imediato do projeto de poder
do qual ela faz parte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário