quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Não há motivos para festejar

     Não há o que comemorar hoje, exceto o fim de um dos piores anos da nossa história recente. Um ano marcado pela mentira, pela devassidão e pelo assalto aos cofres públicos perpetrados por um governo que tem tudo para ser ainda mais deplorável, a partir de amanhã, quando Dilma Rousseff tomará posse, para mais um mandato à frente do País.
     Não foi proposital, pensado, mas omiti, sem sentir, de imediato, algumas palavras que completariam naturalmente a frase anterior: ‘quatro anos’. Afinal, os mandatos presidenciais têm essa duração aqui entre nós. No caso de Dilma Rousseff, seria prematuro e até certo ponto irresponsável aceitar que cumpra integralmente a atribuição para a qual foi eleita democraticamente, embora sob o peso de infâmias.
     O escândalo apenas vislumbrado na Petrobras tem um potencial tão grande que ameaça, sim, o segundo mandato da nossa atual presidente. O grau de devastação das delações premiadas que envolvem a quadrilha política é incomensurável e pode atingir de frente o atual esquema de poder.
     Dessa vez, não haverá espaço para as vigarices retóricas usadas quando do episódio do Mensalão do Governo Lula e que acabaram por salvar o então presidente da cassação que se desenhava. O “eu não sabia” perdeu o prazo de validade, pois todos sabiam de tudo. Não se trata de um ‘simples’ roubo de galinheiro, mas de uma complexa estrutura de assalto aos cofres públicos destinado a financiar o PT e seus asseclas.
     O dinheiro roubado da Petrobras era despejado nas contas de políticos e partidos, sob a forma de ‘doações legais’. Uma obra custava 100, o país pagava 150 e o ‘excedente’ era repassado pelas empresas à organização canalha que vem dilapidando nossos patrimônio e dignidade há doze anos.
     E isso ainda não é tudo. Pelo conteúdo de alguns ‘vazamentos’, a maior parte da bandalheira ainda está submersa e refere-se a financiamentos do BNDES, que seguiriam o mesmo ‘padrão’ petista de fazer negócios, de governar: uma empresa precisava de 100, o governo liberava 200 e a diferença migrava para bolsas e contas companheiras.

     Um ano termina marcado pelo estelionato. Começaremos um novo ano sob o peso da indignidade e administrados por um grupo que, em sua imensa maioria, não tem a menor credibilidade para as funções que vai exercer. 

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