domingo, 16 de novembro de 2014

A paladina do discurso vazio

     Como se fosse uma paladina da decência, nossa presidente obrou algumas frases de efeito na Austrália, onde participa da reunião do G 20 (grupo das economias mais fortes do mundo), sobre o assalto à Petrobras e seus desdobramentos, o maior escândalo da história brasileira. Dilma Rousseff admitiu, segundo nos reporta o Estadão, que “isso” - a canalhice oficial que vem devastando nossa maior empresa – “pode, de fato, mudar o país para sempre”.
     Não tenha dúvida, presidente. Países têm marcos, momentos, pontos de inflexão. E, pode ter certeza, esse que estamos vivendo já é um deles, pelo ineditismo, pela desfaçatez dos protagonistas, pela vagabundagem institucional, pela ousadia de afrontar uma Nação em nome de um projeto de poder. Não podemos esquecer que a ‘justificativa’ para essa indecência é a necessidade de patrocinar o esquema vigente, além de encher os bolsos companheiros, é claro.
     Todo e qualquer raciocínio que venha a ser feito sobre esse escândalo de proporções abissais deve, necessariamente, passar por esse ponto: a roubalheira elevada a níveis artísticos pelo PT e/ou seus asseclas teve como objetivo financiar o projeto de poder que já dura doze anos. E isso ficou absolutamente claro nas delações do doleiro e do diretor petroleiro petistas. Os dois afirmaram que 70 por centos do total da roubalheira eram destinados ao PT e que o restante ia para seu parceiro principal, o PMDB.
     Além de repetir a frase que provavelmente lhe foi sussurrada por um dos seus acólitos, nossa presidente teve a ousadia de acenar com um “não haverá impunidade” e com uma menção palanqueira a ‘engavetamentos’. Em primeiro lugar, não depende dela se haverá, ou não, impunidade. Essa decisão passa pela Justiça. Se dependesse dos interesses palacianos – e as últimas investidas contra a apurações de safadezas oficiais me permitem afirmar -, jamais haveria investigação alguma, muito menos punições.
     O PT e seus assemelhados se especializaram, nos últimos anos, em encobrir ‘malfeitos’, para relembrar uma expressão usada pela própria presidente. Não houve uma punição séria sequer. Ministros e diretores de primeiro escalão flagrados com as mãos nos cofres públicos estão por aí, livres. Alguns foram reintegrados ao círculo de poder, sorrateiramente.
     Os quadrilheiros do Mensalão – devemos relembrar, sempre - só foram punidos graças à determinação do ex-ministro Joaquim Barbosa, perseguido pelas hostes petistas, atacado em sua honra e vítima de demonstrações asquerosas de racismo. Condenados, foram tratados como heróis, e não como o que são: meros criminosos.
     Para não perder a chance de mais um misto de petismo e dilmice, nossa presidente falou em ‘engavetamentos’, numa alusão indireta – e covarde! – a eventuais deslizes cometidos nos governos do PSDB e que não teriam sido investigados. Se ela sabe que houve algum acobertamento, basta assumir o papel de dirigente máxima do País e exigir a apuração. É simples. Eu estaria entre os que aplaudiriam essa atitude. Mas se sabe e nada faz, é, no mínimo conivente.
     Essa vigarice retórica mostra bem com quem estamos lidando.





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