Como se fosse uma paladina da decência, nossa presidente
obrou algumas frases de efeito na Austrália, onde participa da reunião do G 20
(grupo das economias mais fortes do mundo), sobre o assalto à Petrobras e seus
desdobramentos, o maior escândalo da história brasileira. Dilma Rousseff
admitiu, segundo nos reporta o Estadão, que “isso” - a canalhice oficial que
vem devastando nossa maior empresa – “pode, de fato, mudar o país para sempre”.
Não tenha dúvida, presidente. Países têm marcos, momentos, pontos
de inflexão. E, pode ter certeza, esse que estamos vivendo já é um deles, pelo
ineditismo, pela desfaçatez dos protagonistas, pela vagabundagem institucional,
pela ousadia de afrontar uma Nação em nome de um projeto de poder. Não podemos
esquecer que a ‘justificativa’ para essa indecência é a necessidade de
patrocinar o esquema vigente, além de encher os bolsos companheiros, é claro.
Todo e qualquer raciocínio que venha a ser feito sobre esse
escândalo de proporções abissais deve, necessariamente, passar por esse ponto:
a roubalheira elevada a níveis artísticos pelo PT e/ou seus asseclas teve como
objetivo financiar o projeto de poder que já dura doze anos. E isso ficou
absolutamente claro nas delações do doleiro e do diretor petroleiro petistas.
Os dois afirmaram que 70 por centos do total da roubalheira eram destinados ao
PT e que o restante ia para seu parceiro principal, o PMDB.
Além de repetir a frase que provavelmente lhe foi sussurrada
por um dos seus acólitos, nossa presidente teve a ousadia de acenar com um “não
haverá impunidade” e com uma menção palanqueira a ‘engavetamentos’. Em primeiro
lugar, não depende dela se haverá, ou não, impunidade. Essa decisão passa pela
Justiça. Se dependesse dos interesses palacianos – e as últimas investidas
contra a apurações de safadezas oficiais me permitem afirmar -, jamais haveria
investigação alguma, muito menos punições.
O PT e seus assemelhados se especializaram, nos últimos
anos, em encobrir ‘malfeitos’, para relembrar uma expressão usada pela própria
presidente. Não houve uma punição séria sequer. Ministros e diretores de
primeiro escalão flagrados com as mãos nos cofres públicos estão por aí,
livres. Alguns foram reintegrados ao círculo de poder, sorrateiramente.
Os quadrilheiros do Mensalão – devemos relembrar, sempre - só
foram punidos graças à determinação do ex-ministro Joaquim Barbosa, perseguido
pelas hostes petistas, atacado em sua honra e vítima de demonstrações
asquerosas de racismo. Condenados, foram tratados como heróis, e não como o que
são: meros criminosos.
Para não perder a chance de mais um misto de petismo e dilmice,
nossa presidente falou em ‘engavetamentos’, numa alusão indireta – e covarde! –
a eventuais deslizes cometidos nos governos do PSDB e que não teriam sido
investigados. Se ela sabe que houve algum acobertamento, basta assumir o papel
de dirigente máxima do País e exigir a apuração. É simples. Eu estaria entre os
que aplaudiriam essa atitude. Mas se sabe e nada faz, é, no mínimo conivente.
Essa vigarice retórica mostra bem com quem estamos lidando.
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