domingo, 21 de dezembro de 2014

Um projeto bandido

     Não há um analista sério, sequer, que encontre justificativas ou desculpas para a grilagem petista dos cofres públicos. A sucessão de escândalos eliminou qualquer chance de condescendência até mesmo entre os que, de algum modo, ainda nutriam relativo respeito por uma história que se mostrou, muito rapidamente, fantasiosa e inconsistente e que o tempo se incumbiu de desmoralizar.
     É evidente que não estou me referindo aos teclados comprados com verbas públicas, sustentados pelo dinheiro sujo que, em muitos casos, tem a mesma origem da propina paga aos políticos e partidos da base governista. Esses sabujos sempre irão repercutir declarações desclassificadas, como a da presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que vai aprofundar a luta contra a corrupção.
     Mas há casos, reconheço, em que o desvario não é movido a propina: é pura e simplesmente desvio de personalidade, uma doença que impede a interpretação dos fatos, enubla a visão, transforma realidades. Só assim poderíamos explicar que pessoas relativamente dignas e conscientes, informadas, ignorem e/ou justifiquem esse degradante processo de espoliação que vem sendo articulado pelos governos petistas, na sua ânsia de se manter no poder a qualquer custo. Um custo que vem sendo pago pela Nação, ao longo dos últimos anos.
     O mais recente e vergonhoso assalto às nossas riquezas é, apenas, a sequência natural de ataques à aos cofres e dignidade públicos. O projeto corrupto e corruptor começou – ficamos sabendo após a morte do prefeito petista Celso Daniel – no início dos anos 2000, quando o PT paulista, de acordo com a Justiça e parentes do político assassinado, começou a achacar empresas de ônibus de municípios governados pelo partido.
     Enquanto o dinheiro enchia apenas os cofres partidários, segundo irmãos de Celso Daniel, o prefeito não ponderava. A partir do momento em que também irrigava bolsos particulares, ele teria reagido, acabando por ser morto. No centro da questão, ainda de acordo com o processo, já surgiam nomes emblemáticos do PT: o ex-ministro e atual presidiário José Dirceu e o quase ex-ministro Gilberto Carvalho, acusado de ser o transportador do dinheiro.
     A esse escândalo, ainda mal-solucionado, seguiram-se outros, proporcionalmente mais ou menos ‘sofisticados’, embora tão ou mais canalhas, como o Mensalão do Governo Lula; o caso do ‘aloprados’ (compra de dossiês falsos contra adversários); dólares na cueca; os episódios de compra e venda de cargos e prestígio no governo, chefiados pela secretária da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa, e pela ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra; e finalmente, mas não afinal (ainda seremos ‘brindados’ com outros fatos desabonadores, não tenho dúvida), o assalto à Petrobras, que vem perpassando as últimas administrações petistas.

     Basta um olhar minimamente distanciado para provocar a repulsa das parcelas decentes da população, independentemente de vieses político-partidários. Um olhar ausente entre os vendidos e os cegos pela irracionalidade, pelo ranço ideológico, pelas deformações provocadas por uma análise que a realidade soterrou.

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