quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A herança da verdadeira herança maldita

     Entre os muitos males e infortúnios que essa lastimável era petista vem causando ao país, um deles vem me chamando a atenção em especial: o sentimento de orfandade de grande parte da população em relação ao período discricionário que vivemos ao longo dos governos militares. O desalento e a revolta de milhões de cidadãos contra o caos nas instituições, o descalabro nas finanças, o assalto aos cofres públicos, a impunidade de verdadeiros criminosos e a crescente sensação de insegurança gerada pela omissão do Estado são, sim, latentemente perigosos para a democracia que desejamos e ajudamos a construir.
     Pessoas comuns, simples, sem vínculos ideológicos com partidos políticos – muitos que sequer viveram os ‘anos de chumbo’ – expressam diariamente o culto a um passado que deixou marcas profundas na nossa sociedade, estimulados pela descrença no país que vem sendo devastado progressivamente por governos corruptos, demagógicos, populistas e acintosamente imorais.
     E aí, nessa responsabilidade direta, insisto, talvez esteja o pior produto dessa fase de obscurantismo ideológico, a herança da verdadeira herança maldita. Mais grave, ainda, do que a roubalheira vagabunda e canalha instituída como método de governança; pior do que a reducionismo imposto ao debate político; mais salafrária do que a chantagem exercida sobre a camada mais carente da população, aquela que depende de programas de governo – não de partidos ou políticos desprezíveis! – para simplesmente sobreviver.
     Esse abissal estelionato ideológico perpetrado por um grupo formado pelo que há de pior no mundo político - sob a liderança espúria do mais medíocre, ignorante e despreparado presidente que esse país já teve -, somado a essa degradação moral, tem sido determinante para empurrar a parte das pessoas ingenuamente de bem para um caminho que nós, que ajudamos a reconstruir o país, através da resistência democrática e inclemente, não podemos sequer imaginar.

     Venho escrevendo e repetindo, ao longo dos últimos anos, que o país anda vai pagar um preço exorbitante pela aventura lulopetista. Montados em bandeiras ridiculamente simplórias e num discurso deletério, similar à dos exploradores eletrônicos da fé humana, que explora a singeleza de uma massa naturalmente sujeita à manipulação por autointitulados messias, os atuais detentores do poder estão destruindo, gradualmente, as chances de nos tornarmos uma Nação respeitável, digna, compromissada com um futuro pautado na dignidade.

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