sexta-feira, 31 de outubro de 2014

É a hora da Justiça

     Ninguém jamais vai me ouvir ou ler defendendo golpes contra governos eleitos democraticamente, como o atual e, infelizmente, próximo. A grande arma para derrubar, em especial, presidentes incompetentes e medíocres é o voto, a cada quatro anos. Estendo essa posição até mesmo em relação a governantes que usam os meios mais deploráveis e canalhas para manipular a população, principalmente os menos assistidos, como ocorreu na última eleição. Cabe aos que se opõem a essas táticas lastimáveis conscientizar o eleitor, mostrar que está sendo manipulado por pessoas sem escrúpulos, capazes dos atos mais indignos.
     Não resta dúvida que a população menos esclarecida e mais necessitada vem sendo manipulada de maneira torpe. Instrumentos de redução da miséria, que não pertencem a qualquer partido político, mas a governos, foram e continuam sendo usados por chantagistas, por pessoas desclassificadas. O discurso vagabundo do “eles vão acabar com isso e aquilo” é o único ‘argumento’ de campanhas sórdidas.
    Há algum tempo, estabeleci um paralelo entre o uso ‘político’ de programas assistenciais e a distribuição de dentaduras no sertão dos velhos coronéis apontados como referências do populismo mais vergonhoso, da manipulação de almas, da exploração dos necessitados. Pragmaticamente, entretanto, reconheço que essas armas fazem parte do arsenal ‘ideológico’ de grupos como o que está no poder. Cabe a nós, sociedade decente, exibir o reducionismo dessa prática nebulosa. E temos mais quatro anos pela frente.
     Tudo isso não invalida, entretanto, minha esperança de que os que vêm empolgando o poder há doze anos e que foram reeleitos para mais quatro devem, sim, ser expostos, cobrados, denunciados sem tréguas. O esquema de assalto à Petrobras e outras empresas públicas deve ser investigado profundamente, até que não restem entranhas escondidas.
     No Mensalão do Governo Lula, até então o mais volumoso achaque já realizado no país, alguns nomes foram poupados, em benefício da estabilidade nacional. Essa postura mostrou-se perdulária. A impunidade do principal responsável por todo o esquema ilícito gerou a confiança empregada nessa nova empreitada de malfeitos. Uma empreitada teoricamente mais sofisticada, com profissionais do ramo da canalhice.
     Ninguém contava, entretanto, com a coragem e independência de um juiz do Paraná. Dessa vez, não haverá desculpas ou subterfúgios. Pelo que ficamos sabendo, graças à independência de nossos jornais e revistas, toda a desfaçatez pública está documentada e registrada. Valores pagos, números de contas bancárias no exterior, extratos, recibos. 
     Escaldados pelo exemplo do publicitário mineiro Marcos Valério, o único a ser condenado, de fato, à cadeia (mais de 40 anos de prisão), dois dos operadores da roubalheira companheira decidiram contar tudo, em troca de benefícios legais. Outros ainda podem seguir o mesmo caminho.

     Não é hora de golpes, jamais foi. Em uma democracia como que a que almejamos ser, a grande arma para expulsar criminosos do poder, excetuando o voto, é a Justiça. 

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