sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Um dia de tiros e pavor

     Os moradores da comunidade São José Operário, na Praça Seca, subúrbio do Rio de Janeiro, estão acuados. Há tiroteio entre policiais e traficantes, cena que voltou a se repetir, após um breve intervalo. Há alguns anos (quatro ou cinco), a região era inteiramente dominada pelos traficantes, que se exibiam, armados, por todas as ruas do morro. Prevalecia a lei da selva, imposta pelos bandidos, que cobravam pedágio para tudo.
     Após uma batalha violenta, que deixou mortos e feridos, uma milícia assumiu o comando do local e o controle dos 'negócios'. Os traficantes desapareceram por algum tempo, mas prometiam, recorrentemente, voltar. Tentaram algumas vezes, mas foram rechaçados pelos milicianos. Até que o Estado decidiu intervir e sufucou a milícia. Parecia, então, que a comunidade estava sendo reintegrada à cidade, livre.
     A sensação durou pouco. A presença policial durou o tempo que o noticiário sobre o embate com milicianos ocupou as primeiras páginas e os horários nobres. A milícia voltou, mas sem o poder de antes, disfarçada, menos ostensiva.
     Era o sinal que os outros bandidos esperavam para atacar. O assédio ficou mais intenso há uma semana. Ousados, grupos de traficantes começaram a aparecer de repente, renovando ameaças e espantando os cães nas suas incursões noturnas. A milícia reagiu, matou um ou dois, mas demonstrou a fragilidade que estimulou um ataque mais intenso e a renovação de ameaças. Quem - na visão deles - apoiou os milicianos iria pagar bem caro. Até mesmo casas compradas através da Associação de Moradores, recentemente, seriam retomadas.
     O confronto entre os bandos intensificou-se ontem. Hoje, a Polícia voltou. Quem estava em casa tratou de fechar portas e janelas, na tentativa de escapar de balas perdidas. Qualquer que seja o resultado, já há um derrotado - o Estado, que não cumpriu sua função - e milhares de vítimas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário