sábado, 26 de janeiro de 2013

Há algumas notas no caminho de Renan

     Vivemos recentíssimamente - em termos históricos - a lamentável República das Alagoas, capitaneada por Fernando Collor. Há dez anos convivemos com essa medíocre republiqueta sindical, que trata o país com a estreiteza mental de pelegos e que aposta na 'estabilidade' dos cargos - ancorada no apoio inegável da maioria da população - para cometer os atos mais vergonhosos.
     Em ambas, uma das mais presenças mais significativas é a do senador Renan Calheiros do PMDB, o mesmo que ocupou - pouca gente lembra - o Ministério da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso. A capacidade de adaptação desse personagem é invejável. Sobrevivente de um naufrágio quando presidia o Senado, em 2007, reconquistou o prestígio que alcançara apoiando o ex-presidente Lula, seu antigo inimigo.
     Hoje, conta com o peso dos votos entusiasmados do PT, do seu PMDB e até de parte do PSDB para voltar à presidência do Senado, cargo que deveria ser uma honraria concedida a poucos. No seu caminho, que parecia marcado por ventos absolutamente favoráveis, surgiu, entretanto, a Procuradoria-Geral da República, a mesma responsável pelo indiciamento dos quadrilheiros do Mensalão do Governo Lula.
     Segundo nos revelam nossos jornais, entre eles O Globo, o procurador Roberto Gurgel denunciou Calheiros pelo uso de notas de despesas falsas para justificar a despesas que teria feito para pagar a pensão de uma filha fora do casamento. O dinheiro, de acordo com as acusações, era fornecido pela empreiteira Mendes Júnior. O senador, para escapar da acusação, alegou que os recursos proviam da venda de gado.
     Pelo que se depreende da denúncia do procurador, as notas eram, mesmo falsificadas. Na época, Renan renunciou ao cargo, mas conseguiu manter o mandato. Hoje, caso o STF acate a denúncia (ele tem foro privilegiado), Renan - que já vem sendo alvo de críticas acentuadas - pode ser obrigado a desistir da caminhada de volta ao mais alto posto do Senado.
     Bom para a dignidade do país.

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