terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A farsa venezuelana

     O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nomeia ministro, escreve carta mas não aparece, sequer, em uma foto. Não seria preciso muito mais para que as dúvidas quanto ao seu verdadeiro estado de saúde fossem aclaradas, dando um toque de menos inconstitucionalidade ao governo em exercício. Aparecendo em razoáveis condições, daria mais peso à decisão de adiar sua posse, conferindo alguma credibilidade ao evidente atropelo da lei.
     É claro que não estou pregando uma versão cubano-venezuelana do embuste engendrado quando da doença do presidente eleito Tancredo Neves. A presença física de Chávez, mesmo em fotografia, no entanto, daria um mínimo de estofo às versões de que ele está em "plena recuperação, governando".
     Seu isolamento, que já se encaminha para o segundo mês, reduz drasticamente a já reduzida confiança nas estruturas da governança da Venezuela, que vive um vácuo de poder. Só mesmo em Cuba e em outros países igualmente totalitários seria possível manter em segredo um caso como o Hugo Chávez. O que explica sua opção pela medicina dos irmãos Castro, em detrimento da brasileira, evidentemente mais avançada e mais bem aparelhada.
     No Brasil, apesar de toda a afinidade político-ideológica e do horror que o governo devota à liberdade de imprensa, não haveria a menor possibilidade de silêncio, de escamotear formalmente a verdade. Como acontece em todos os regimes autoritários - mesmo que sob o disfarce de democracia, como ocorre na Venezuela -, a verdade e a liberdade de informação são tratadas como inimigas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário