sábado, 19 de outubro de 2013

Telhado de vidro

     Às vésperas do leilão da área de Libra, no pré-sal, fico imaginando o que deve estar se passando na cabeça da turma que está no poder há quase onze anos. Como justificar o uso da Guarda Nacional, Polícia Militar e outras forças de segurança contra manifestantes contrários à privatização - não há outro nome, amigos, é privatização, mesmo!!! - de mais uma área de exploração de petróleo?
     Mas era isso - protestar e denunciar a 'venda' do País - que essa turma fazia ao longo dos governos de Fernando Henrique Cardoso, com os agravantes dos pontapés, pedradas e agressões variadas que marcavam os embates contra o que a companheirada classificava de neoliberalismo. Hoje, quando está fazendo exatamente tudo o que condenava de maneira irresponsável e demagógica, a patota tenta impedir as já anunciadas manifestações marcadas para segunda-feira, aqui no Rio, quando é esperada a presença dos baderneiros do tal Black Bloc.
     As privatizações dos anos 1990 e começo de 2000 eram 'entreguistas'. As que vêm sendo feitas progressivamente desde 2003 (seguindo exatamente a cartilha deixada pelo antecessor) seriam, exatamente, o quê? Mais recentemente, na campanha da atual presidente, um dos carros-chefes da vigarice retórica foi a denúncia de que, se eleito, José Serra venderia a Petrobras. Aproveito para reafirmar que não foi por isso que o candidato do PSDB perdeu. Foi derrotado, de novo, por ser lastimável como oposicionista.
     Se colocados sob uma análise independente, constataríamos que os governos a partir de 2003 privatizaram muito mais do que os anteriores, explorando eufemismos, como os de agora, entre eles as tais PPP, as parcerias público-privadas que nada mais são do que particulares assumindo funções que o Estado não sabe ou não pode desempenhar.
     Fico muito à vontade - como quase sempre, sou obrigado a destacar - para tocar em um tema como o das privatizações. Fui e sou a favor de um Estado cada vez menor, que se dedique às funções prioritárias, como educação, saúde e segurança. Quanto menos burocratas estatais gerindo nossas riquezas, melhor, muito melhor para o país. Com uma inquestionável vantagem: haveria menos assaltos aos cofres públicos e menor aparelhamento.

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