quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A responsabilidade é nossa

     Nada melhor do que um momento de extrema tensão, como o que vivemos no Rio, para um convite à reflexão. É evidente que nossa Câmara é lastimável, fruto do populismo e da viciada relação de clientelismo e demagogia que prevalecem nesse país especialmente nos últimos dez anos e nove meses e que impera também em nossa cidade. Mas é a Câmara que nós temos, eleita livremente pela população, que deu aos seus representantes a procuração legal necessária ao exercício da plenitude dos seus mandatos.
     Podemos não gostar - eu abomino -, mas não há saída legal para mudanças, exceto a chancelada pelas urnas. É o preço que a sociedade paga para viver em um regime democrático. Portanto, é de absoluta desfaçatez ignorar o direito de nossos vereadores votarem projetos de sua alçada, como o recente plano de carreiras do magistério, aprovado por três quartos do plenário.
     A conta é exatamente essa: foram 36 votos a favor, três contra e nove abstenções. É um resultado indiscutível, embora saibamos de todos os males e defeitos da casa. Em nenhuma sociedade livre do mundo a minoria absoluta (12 pessoas, num universo de 48 !!!) prevalece.
     Se um resultado como esse, tão consistente numericamente, não prevalecer, é melhor fechar o Legislativo, de uma vez. Ou será que as votações só são boas e democráticas quando atendem ao que nós pensamos e defendemos? 
     Quero deixar bem claro que não estou entrando no mérito do tal plano, em si. Minha questão é institucional. Assim como temos que respeitar as decisões da maioria avassaladora do Governo Federal, embora possamos contestá-las, não podemos ignorar a legalidade de atos de outras esferas.
     Nossos políticos são lastimáveis - tenho escrito e repetido isso ao longo dos últimos anos -, mas nós somos os responsáveis por eles estarem onde estão. Precisamos aprender a não eleger corruptos, mentirosos, estelionatários ideológicos, farsantes, demagogos. Infelizmente, o Brasil do século 21 optou pelo reinado da mediocridade, que caminha para sua quarta edição.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário