quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O caos e a prepotência

     Eu gostaria que o esfuziante prefeito Eduardo Paes me explicasse a matemática que ele e sua equipe estão usando para garantir que a tal nova Via Binário vai conseguir suportar o tráfego desviado da Perimetral e da Avenida Rodrigues Alves. Nas minhas contas, as novas seis pistas jamais serão iguais às dez existentes.
     Se, hoje, com as duas vias funcionando, a Zona Portuária vive um inferno, com reflexos no Centro, é fácil imaginar o que vai acontecer a partir do dia 14, quando todo aquele volume estúpido de veículos será afunilado, com direito a sinais pelo caminho, o que não ocorre, por exemplo, na Perimetral.
     Só não pode argumentar, como vem fazendo de maneira irresponsável, que o sistema de transporte coletivo vai conquistar a turma dos automóveis. Não vai, e todos nós sabemos disso. O morador da Baixada Fluminense não vai deixar seu carro na garagem, pois a alternativa é inviável. O mesmo raciocínio vale para os moradores da Zona Oeste que usam a Avenida Brasil.
     Eduardo Paes deveria estar preocupado - e para isso ele foi eleito - em melhorar a qualidade de vida do carioca, incluindo, nesse pacote, ampliar a oferta de caminhos. Ou ele não sabe que a indústria automobilística é estimulada? Dificultar a vida dos proprietários de carro é um contrassenso, pois o aumento da frota é um dos trunfos da política econômica do governo que ele apoia.
     É claro que eu gostaria de viver em uma cidade menos poluída, com um sistema de transporte decente. Infelizmente, as prioridades e a falta de seriedade dos governantes, através dos anos, criaram um Rio de Janeiro inviável, sujo, poluído, mal planejado. Não será derrubando uma via, ainda fundamental, que essa realidade vai se transformar, como num passe de mágica.
     O 'teste' realizado hoje, e acompanhado por O Globo, deu uma ligeira mostra do que está por vir. E ele foi feito num horário absolutamente favorável, com volume de tráfego reduzido. Em qualquer lugar decente do mundo, um administrador que decidisse gastar uma fábula para atender a caprichos pessoais seria destituído a pontapés.
     A prepotência do nosso prefeito é inacreditável.
 

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