segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Baderna não tem matiz

     O fato de ser um crítico intransigente dessa lastimável Era Lula - a mais medíocre e recheada de escândalos de toda a história republicana -, não vou mudar de camisa ideológica apenas para tirar proveito retórico de uma situação. Era e continuo sendo favorável ao esvaziamento da presença do Estado, exceto nas atividades fundamentais para o cidadão, como educação, saúde e segurança. Proporcionando esses bens à população, qualquer governo terá cumprido sua obrigação, com louvor.
     Sendo assim, é evidente que não me incluo entre os possíveis críticos da privatização da exploração de petróleo do pré-sal. Na verdade, isso sempre ocorreu de forma indireta, através do uso de equipamentos importados, dos quais dependemos. O segredo - se é que há algum - é preservar os direitos do país. Privatizar não é sinônimo de entregar. Pressupõe uma relação em duas vias, que, quando bem administrada, resulta em benefícios para todos.
     A demagogia barata petista, ao longo dos últimos anos, criou no inconsciente a sensação de perda, de espoliação. A condenação do processo de privatização realizado no governo de Fernando Henrique Cardoso foi usada como arma de campanha. No extremo, o PT, na voz do ex-presidente Lula e de sua criatura, acusou os partidos de oposição (PSDB, DEM e outros ainda menos votados) de planejarem a venda da Petrobras. Pura vigarice, mas que vem ajudando a consolidar a vitória dos candidatos oficiais.
     Hoje, em meio a um processo de falência da nossa maior empresa, o Governo tenta uma saída, através da privatização que, em tese, apenas para efeito pirotécnico, condenava. E enfrenta a reação de grupos extremados. Precisando vender, para assegurar receitas fundamentais, cercou-se de um aparato policial poucas vezes visto, que reúne Exército, Polícia Militar, Força Nacional, guardas municipais e seguranças particulares. E como se poderia prever, houve o confronto com manifestantes.
     E não poderia ser diferente. Não há diálogo possível com celerados, desajustados, baderneiros. Especialmente quando o Governo opta pelo uso do Exército, que representa não um ou outro presidente de plantão, mas a própria nacionalidade. E, também nesse caso, sou naturalmente levado a justificar a reação das autoridades, mesmo que essas autoridades sejam de um governo que tenho combatido sistematicamente, com a força de argumentos, ideias.
     E isso, apesar de não ter esquecido as cenas de estupidez protagonizadas pela turma que está no poder há quase onze anos, quando era estilingue.

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