quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Silêncio constrangedor

      No imaginário de muita gente - e isso é, realmente, assustador! -, Rússia ainda rima com paradigma, assim como há os que conseguem enxergar algo de aproveitável em ditaduras formais, como as cubana e coreana do norte; informais e bananeiras, como a venezuelana; e fanáticas, como a iraniana. A companheirada de vários matizes escuta o nome do país que espoliou seus vizinhos e esquece completamente o genocídio praticado ao longo do século 20.
     Não há outra explicação plausível para o eloquente silêncio de nossos políticos de 'esquerda' (seja lá o que isso ainda é ...) em relação à prisão e possível condenação de uma brasileira que milita no Greenpeace, por 'pirataria'. Nosso governo, sempre tão alerta e determinado quando as 'agressões à liberdade' são praticadas pelos Estados Unidos e seus parceiros mais próximos, como a Inglaterra, comporta-se, nesse caso, como um vira-latas que leva um pontapé no rabo, ao chafurdar no lixo.
     É o que podemos classificar de política externa do proselitismo, da vigarice retórica. Um sujeito que é acusado de estupro em um país livre, como a Suécia, é apresentado como o arauto da liberdade, por confrontar o 'imperialismo'. Uma blogueira libertária, como a cubana Yoani Sánchez, foi tratada a pescoções, por ousar expor as mazelas de mais antiga ditatura do mundo.
     Apenas para efeito de debate, imaginemos a seguinte situação: uma brasileira sendo presa por maríneres americanos, por protestar em frente à prisão de Guantânamo, por exemplo. Nossa presidente, no mínimo, iria discursar na ONU, enquanto os marqueteiros de plantão esquadrinhariam o universo de pesquisas sobre as próximas eleições.

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