quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Não há liberdade pela metade

     Há algum tempo tenho o privilégio de fazer parte de um pequeno grupo de amigos que reúne-se para almoçar e conversar regularmente, não necessariamente nessa ordem. Aprendemos - eu e cinco ou seis pessoas - a nos respeitar e gostar, muito, ao longo do tempo em que convivemos na redação do Jornal do Brasil, nos anos 1980 e 1990. Não necessariamente coincidimos em relação a vários temas, o que é ótimo para nós todos!
     Jamais tivemos qualquer desentendimento, rusga ou algo semelhante. Prevalece, acima de qualquer divergência ideológica, um profundo e carinhoso respeito. Particularmente, sempre saio desses nossos encontros um pouco melhor. Ontem não foi diferente.
     Recordamos alguns episódios vividos na redação da Avenida Brasil, lembramos pessoas que marcaram momentos importantes das nossas vidas e inevitavelmente mergulhamos na polêmica levantada sobre um dos temas que vêm mobilizando a opinião pública: a disputa entre autores, biografados e suas famílias.
     Quis ouvir mais do que falar. Sentir o que pessoas tão especiais - e elas são, tenham certeza - pensam sobre esse tema, sobre o conceito de liberdade de expressão e censura, sobre o que vem a ser, afinal, mais do que o direito, a própria privacidade de personagens que se tornaram públicos por opção. Não houve dissenso. Há liberdade, ou não há. Simples assim.
     Nesse campo, o meio termo é inadmissível. Para punir os excessos, os desvios, há a Justiça. Nós, de uma geração que combateu e ajudou a sepultar a censura, desenvolvemos um respeito muito grande pela liberdade, especialmente a de expressão. Censura é sinônimo de trevas.
     O ponto de inflexão do debate - tomo a liberdade de inferir - está deslocado. A questão que deveria ser posta não é a da privacidade, mas a da intimidade. Essa, sim, deve ser resguardada e respeitada.

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