quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Estelionato ideológico

     Responda rapidamente: se o defensor da censura fosse o Agnaldo Timóteo a companheirada enrustida teria alguma dúvida em pedir sua empalação retórica? Pois é. É assim que a banda toca quando as questões envolvem queridinhos e queridinhas da turma que pretende influenciar o pensamento. Um ditador de direita (seja lá o que isso for) não tem perdão - e não deve ter, mesmo. Já um de esquerda (isso que sabemos o que é) merece toda a condescendência, palavras de carinho, desculpas gentis. Puro estelionato ideológico.
     Assim como não há assassinos do bem, defensores da censura são do mal, mesmo que tenham um passado de 'glórias'. Personagens e fatos devem ser analisados sem ranço, com independência. O malfadado deputado e pastor homofóbico leva merecidas bordoadas a todo instante (aliás, ele pede para levar cacetadas). Há sempre um chico alencar ou um molon de plantão para dar entrevistas desancando o indigitado presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Eles sabem que é ibope garantido.
     Quando o assunto é a bandalheira estrelada por José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outros bandoleiros, no entanto, a tropa do assalto à dignidade recolhe as armas, sai de fininho, finge que não sabe. O acordo entre a ex-senadora Marina Silva e o governador pernambucano Eduardo Campos merece olhares 'enviesados'. A promiscuidade do PT com o PP (nome mais do que sugestivo) de Paulo Maluf e o PR do também ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho - para ficarmos apenas nesses dois exemplos - passa batida.
     Essa constatação - autorizada pelos fatos - vale para quase todos os setores do universo político/partidário, em especial. O ex-presidente Lula é, certamente, o exemplo mais evidente da leniência com atos indignos, desde que praticados por alguém da 'turma'. Ele não só sobreviveu incólume ao maior escândalo da história republicana (o roubo praticado durante seu governo, no episódio conhecido como Mensalão), como se reelegeu e elegeu sua sucessora, uma administradora medíocre, sem carisma e incompetente e que tem tudo para emplacar um segundo mandato, apesar de uma atuação desastrosa.
     Ao longo dos últimos dez anos, o PT de Lula vem protagonizando os episódios mais lamentáveis. De acordos espúrios com o que há de pior no país, a pilantragens de todos os calibres, como o já lembrado Mensalão, o episódio dos dólares na cueca, a falsificação de dossiês contra políticos adversários e roubalheira, muita roubalheira de dinheiro público, a julgar pela profusão de denúncias.
     Nada disso, entretanto, recebe o peso justo. Há sempre uma voz indignada contra os que ousam apontar, com todas as letras e inflexões, a profusão de escândalos.

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