quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O camisa 10 da mediocridade

     A onda de estupidez que assola o país, mais fortemente há pelo menos dez anos e dez meses, invadiu os campos de futebol. Antigos e competentes companheiros de redação, como Gilmar Ferreira e Paulo Júlio Clement, craques na análise das 'coisas do esporte', já se manifestaram sobre a polêmica envolvendo o jogador Diego Souza, que optou por disputar a Copa do Mundo do ano que vem pela Seleção das Espanha.
     Foram, é claro, contundentes na crítica à direção da CBF e ao técnico Luís Felipe Scolari, que reagiram de maneira inaceitável, chegando ao cúmulo de ameaçar o jogador com a perda da nacionalidade brasileira (ele tem dupla nacionalidade). E não poderia ser diferente. Esses senhores - estou me referindo ao técnico e aos dirigentes da Confederação -, no mínimo, confundem competição esportiva com sentimento cívico. Pura patriotada bananeira, típica de pessoas limitadas, demagógicas e populistas. Um perfil que, não por acaso, se encaixa perfeitamente no modelo político que nos governa e à maior parte dos nossos vizinhos.
     A exploração barata do sentimento patriótico é uma das características mais fortes de governantes vazios, sem estofo, e vem sendo usada sistematicamente. Transformar uma competição esportiva - e o futebol nada mais é do que isso!!! - em algo com dimensão superior reforça a mediocridade que vem caracterizando todas as esferas nacionais e que não poupa, em especial, o Planalto.
     Vivemos o auge de uma fase soturna, de predomínio de pessoas desqualificadas. Os dirigentes do nosso futebol são alguns dos pontas-de-lança da nebulosidade mental que sobrevive do aparvalhamento da sociedade, principalmente das classes menos favorecidas, mantidas sob o tacão da ignorância. Mas nem de longe são os jogadores mais importantes, apesar da dimensão que o futebol assumiu por aqui.
     O grande camisa 10 desse infelicitado país acaba de anunciar que pode ser candidato em 2018. Como se fosse um Pelé, o ex-presidente Lula ameaça voltar, certo de conseguir driblar todas as indignidades que protagonizou ao longo dos últimos anos e que foram devidamente registradas pela 'mídia' que ele e seus companheiros tentam controlar. Perto dessa possibilidade, as bobagens futebolísticas de Marin, Felipão e companhia perdem toda a importância.

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