quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Em defesa da Perimetral

     O normalmente tão lépido Ministério Público do Rio de Janeiro, finalmente, deu sinais de vida, nesse tenebroso caso da demolição do Elevado da Perimetral, urdido pela Prefeitura carioca. O Globo nos conta que o MP não permitirá intervenção alguma até que esteja em funcionamento todo um esquema de trânsito capaz de absorver o impacto da obra.
     Na minha modesta opinião, ainda é pouco. A pura e simples demolição dessa via sempre me pareceu estapafúrdia e destinada a atender, apenas e tão somente, aos interesses de grupos imobiliários que vão investir no local, vendendo a vista particular da Baía de Guanabara para alguns privilegiados que vão ocupar apartamentos de frente para a Avenida Rodrigues Alves.
     A tão decantada visão dessa inegável atração da cidade continuará vedada aos meros mortais que se arrastarão pelo solo, pela presença dos armazéns, mesmo quando e se forem transformados em algo parecido com o que pode ser apreciado em Buenos Aires (Puerto Madero) e em São Francisco (Fisherman's Wharf), por exemplo. Para curtir a beleza da Baía, só mesmo na beira do cais, o que poderia ser feito com a Perimetral onde está.
     Ela, a Perimetral, é feia? Não é mais do que o Elevado da Paulo de Frontin, do que alguns monstrengos plantados no Aterro ou do que o paredão de prédios que esconde o sol em Copacabana. Com vários agravantes, entre eles o fato de que nossos impostos, além de terem bancado a construção, vão cobrir o exorbitante custo da demolição (algo em torno de R$ 360 milhões).
     Não é um argumento novo. Eu mesmo já falei sobre isso aqui mesmo, no Blog: não é crível que não se tenha cogitado a possibilidade de dar um tratamento à via, uma plástica bem feita, uma pintura moderna, alguns jardins, iluminação especial. Certamente ficaria muitíssimo mais barato, além de não eliminar o risco de aumentar ainda mais os problemas desse infernal trânsito da cidade.

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