terça-feira, 30 de abril de 2013

Os inimigos do palácio

     Em tese - e apenas em tese -, o Governo tem agido bem em relação à crise institucional degflagrada pelo Congresso, ao desafiar o Supremo Tribunal Federal, última instância da nossa Justiça e, por definição, guardião da Constituição. São poderes autônomos - Executivo, Legislativo e Judiciário -, que devem zelar pelos limites do respeito exigidos em uma democracia.
     Mas é evidente a sua satisfação - dele, Governo - e das forças que o bajulam, inconformados com a autonomia dos nossos principais magistrados. Todas as inicitivas para desestabilizar o Judiciário - incluindo chantagens expressas - partiram, no primeiro momento, de representantes petistas. O Mensalão e seus desdobramentos estão atravessados no fígado da companheirada, que já não contabiliza, apenas, a condenação de alguns de seus próceres.
     O julgamento do Mensalão teve o grande mérito de ir além da exposição das entranhas purulentas do poder. Encorajou delegados e promotores, que se sentiram respaldados para aprofundar investigações. A partir de determinado momento, os agentes da Justiça sentiram-se libertos para denunciar, prender. E os casos escandalosos foram surgindo, em ritmo acelerado, quase todos envolvendo palacianos.
     Ousadia maior: investigar o ex-presidente Lula, acusado formalmente de se locupletar durante o exercício do cargo. Já não eram, 'apenas', os aloprados ou cuequeiros, apontados genericamente. Ou ministros e ex-ministros indecorosos (alguns continuam bem ativos, como o condenado José Dirceu e Erenice Guerra, para ficar apenas em dois exemplos). O país assiste a um choque de moralidade, originado - e disso não tenho a menor dúvida - da coragem e determinação do STF, destacadas pelos jornais e revistas que provocam tanto ódio ao ousarem noticiar fatos desabonadores.
     À mídia, o Governo (petistas e quetais) adicionou mais um inimigo: o Judiciário independente. E usa todos os meios, incluindo as manifestações de seus aliados mais diretos, do lastimável PMDB, relegado a uma posição menor, bastarda.


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