quarta-feira, 3 de abril de 2013

O 'ontem' não existe para a presidente

     Vou começar pelo meio. Nossa preclara presidente Dilma Rousseff, ao 'discursar' na posse de seu novo ministro dos Transportes, César Borges (PR-BA), criticou "governos anteriores " - segundo Veja e outros jornais e revistas - pela falta de investimento em logística. Será que ela esqueceu que seu guru e mestre, Luís Inácio Lula da Silva, passou oito anos na presidência da República? Ou os oito primeiros anos da Era Lula não contam nessa história?
     Essa desfaçatez é inacreditável. No poder há 10 anos, a companheirada fala no passado como se o 'ontem' não tivesse existido, só o anteontem. Tudo de bom que existe no país começou em 2003, com a posse do 'iluminado', e prosseguiu com sua - dela, Dilma - entronização, em 2011. Apagões, falta de estrutura nos portos, aeroportos, rodoviárias e pontos de ônibus; sucateamento da saúde; caos na educação; afundamento da Petrobras; e o aumento da violência em toda a parte - entre outros 'detalhes' - ficam por conta dos governos neoliberais anteriores. É a simplificação da mistificação, da vigarice retórica.
     E tudo isso foi dito e repercutido durante a posse de um dos mais significativos representantes das 'elites reacionárias' que Dilma, Lula, o PT e seus asseclas continuam apontando como responsáveis pelo atraso. Será que a turmas esqueceu que o ex-governador baiano e senador César Borges foi do antigo PFL e um carlista (seguidor de Antônio Carlos Magalhães) de corpo e alma? Que poucos na política brasileira representam os poderosos como ele?
     Essa promiscuidade não é de se estranhar. 'Vale tudo' para ganhar eleições, já nos ensinou a presidente, seguindo a cartilha lulista, responsável pelo maior escândalo institucional da vida brasileira, o Mensalão. O afago que a presidente dá em um dos partidos da sua base (esse lastimável e indecoroso balaio onde cabem indecências de todos os matizes) é apenas mais uma constatação do vale-tudo que ela mesma preconizou.
     Confiante na falta de memória e no desinteresse em política da maior parte da população (seus índices no Ibope demonstram essa realidade), Dilma vai restabelecendo a verdadeira face de seu governo, aquela marcada pelo envolvimento de sete de seus ministros em casos de corrupção. Certamente, a segunda maior crise de dignidade em todos os tempos. E que só não foi maior ainda porque, entre mortos e feridos, salvaram-se alguns luminares de seu governo, como esse inacreditável ministro do Desenvolvimento e muitas outras coisas, Fernando Pimentel.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário