terça-feira, 2 de abril de 2013

Vale tudo nessas horas

     Empenhadíssima na campanha pela reeleição - admitiu recentemente que 'vale tudo' nesses momentos -, a presidente Dilma Rousseff não se acanha em dizer ou fazer o que o 'povo gosta'. Não satisfeita em reabilitar politicamente todos os atingidos pela tal faxina que jamais existiu de fato, tem a ousadia de dizer que não tem nada a ver com fixação do seu partido, o PT, em reeditar a censura, através do que a companheirada chama de 'controle social da mídia'.
     Algo como um "me incluam fora dessa", fico imaginando, com base no obscurantismo dos - vá lá ... - pensamentos que emanam dos seus pronunciamentos, especialmente os improvisados. Na verdade, 'controlar a mídia' é um dos sonhos da turma que está no poder. A liberdade de informação ainda é o grande complicador no projeto de permanência definitiva nos píncaros.
     Os inacreditáveios 70% de aprovação da presidente e de seu governo não parecem suficientes. A turma quer mais, quem sabe chegar aos quase 100% dos governos chinês e cubano, dois exemplos acabados de atropelo das liberdades. E quando falo 'turma', ou companheirada, é evidente que incluo a presidente, embora ela tente fazer de conta que está acima dessas pequenas coisas.
     Não está. Jamais esteve. Dilma Rousseff é do PT, sua segunda maior representante, atrás, apenas, do seu antecessor e mentor, o ex-presidente Lula. É muito cômodo apregoar, para consumo geral, um cômodo distanciamento das tendências totalitárias de seus companheiros. Assim como tem sido relativamente fácil disfarçar o apoio às teses e personagens nefastos de seu partido.
     E esse raciocínio vale tanto para as questões internas - o prestígio inabalável dos quadrilheiros condenados pelo STF é uma delas -, quanto para as externas. O silêncio nauseabundo do governo brasileiro em relação às agressões à democracia e às leis praticadas pelos governos venezuelano e argentino (para ficarmos apenas nas vizinhanças) é constrangedor.
     Embora defenda a liberdade de expressão, para consumo eleitoreiro, nossa governante faz parte, sim, dos que tentam encontrar um meio de calar as poucas vozes que ainda ousam exibir os conchavos sombrios, os acertos deletérios, as incoerências, os discursos vazios e popularescos. Não tenham dúvida, nossa presidente é uma fervorosa adepta do vale tudo.

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