domingo, 14 de abril de 2013

A mediocrização da política

     Crítico do desastroso período de governo de Hugo Chávez, responsável desintegração da economia da Venezuela, imaginava que nada poderia ser pior. Lamentava a obstinada e bem-sucedida infantilização da população, mediocrizada por um caudilho popularesco e arbitrário, que apresentava evidentes surtos megalomaníacos. Aqueles discursos idiotizantes, a manipulação dos fatos, a intervenção no Judiciário, a perseguição de jornais e jornalistas. Enfim: todo esse caldo que transforma uma sociedade em uma massa estupidificada, incapaz de raciocinar.
     Ainda não sabemos o resultado das eleições realizadas hoje (terminam às 19h30, hora de Brasília), mas - por mais incrível que possa parecer - tudo leva a acreditar que o país ficará ainda pior, com a vitória de Nicolás Maduro, um político inexpressivo, ignorante e homofóbico. Maduro, que se apresenta ridiculamente como 'filho de Chávez' (uma versão muito piorada de 'poste'), não apresentou sequer um projeto de governo, uma ideia, algo construtivo capaz de sacudir o país e tirá-lo dessa perigosa dependência absoluta do petróleo.
     A única bandeira do provável presidente venezuelano é ser o herdeiro do aprendiz de ditador morto. Toda a campanha foi montada sobre o cadáver insepulto de Chávez, explorando ao extremo o sentimento de perda do 'pai da pátria', que é tão incontestável quanto lamentável.
     Infelizmente, essa capitulação das instituições ao populismo e à exploração de sentimentos 'nacionalistas' totalmente fora de moda não é um fenômeno venezuelano. As principais nações da América do Sul - com as louváveis exceções do Chile e da Colômbia - vêm regredindo ao estágio mais primário da política, aos 'ismos' que tanto mal causaram historicamente. Na Argentina, assistimos a esse lastimável governo de Cristina Kirchner, que se apresenta como a versão mais moderna do caquético peronismo. Por aqui, temos a sombra do lulismo pairando sobre o país, como uma ameaça eterna.
     Nações livres e independentes - e nós insistimos em não aprender essa lição - crescem com base em conceitos, em projetos, em propostas de vida. Os ocupantes do poder são apenas e tão-somente os representantes momentâneos de uma concertação. Não são e não podem ser o objeto, em si.

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