sexta-feira, 26 de abril de 2013

Inimigos da liberdade


     Tenho dito e escrito isso há muito tempo: nada - mas nada, mesmo! - acontece de fato no Congresso sem o aval completo, apoio disfarçado ou estímulo velado do Governo. O resto - essas declarações vigaristas que permeiam algumas crises político-institucionais, como a atual - é puro exercício de diversionismo retórico.
     Quando a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara - dominada pelo PT e pelo PMDB, como todo o Congresso - decide retaliar o Supremo Tribunal Federal, está apenas dando voz ao Governo, aos donos do poder, que não conformam com a independência dos magistrados, principalmente daqueles que foram indicados durante essa nebulosa Era Lula.
     O julgamento do Mensalão - com a condenação não apenas de duas dúzias de quadrilheiros corruptos, mas de todo um modo de fazer política - ainda está atravessado na garganta dos  petistas mais graduados, em especial. O STF, ao decidir por mandar para a cadeia o ex-ministro e chefão petista José Dirceu e os atuais deputados federais José Genoíno e João Paulo Cunha, atingiu diretamente o projeto de poder que vem sendo desenvolvido no nosso país.
     A  lama continua escorrendo do processo. O ex-presidente Lula, por exemplo, está sendo investigado formalmente, graças a acusações feitas pelo publicitário mineiro Marcos Valério, um dos responsáveis pelo esquema, condenado a mais de 40 anos de prisão.
     O julgamento do Mensalão de Lula abriu as porteiras para a divulgação de uma centena de casos de corrupção, enriquecimento ilícito, tráfico de influência, financiamentos ilegais de campanhas eleitorais e de amantes, empréstimo de aviões, fabricação de dossiês e prosaicos roubos. Em 90 por cento desses episódios há a digital petista. Algo que só aflorou graças à eclosão do Mensalão, que exibiu a face deletéria de uma agremiação que se apresentava como decente.
     E o STF foi determinante nesse processo de exposição visceral da sujeira institucional. O Supremo e a imprensa, como um todo. Por isso jamais serão perdoados. O Congresso atual, dominado pelo PT e pela subserviência do PMDB, apenas reflete o inconformismo governamental com a liberdade. Os poderosos de hoje não perdoam os que exibem dignidade e distanciamento crítico.
     Os ataques ao Supremo são frutos do mesmo rancor que mantém viva a esperança petista (governamental, talvez fosse mais indicado) de exercer o 'controle social da mídia', um mero eufemismo para censura. O sonho da companheirada passa inexoravelmente pelo modelo cubano, já seguido de muito perto por venezuelanos e argentinos, para ficarmos restritos aos regimes geograficamente mais próximos.
     Essa gente odeia a liberdade de expressão e o Judiciário independente.

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