sexta-feira, 12 de abril de 2013

Canalhice não tem matiz

     A cena e as declarações são repugnantes. Imaginei que haveria uma comoção, especialmente - mas não necessariamente - entre as mulheres. Até esbarrei em alguns comentários nas redes sociais. Mas nada muito relevante. Uma leve indignação aqui, uma reação anódina ali. Não estou falando, por óbvio, das cenas de racismo e homofobia explícitas do deputado Marco Feliciano, o inimigo número um da vez.
     O momento canalha ao qual estou me referindo tem como personagem o diretor de teatro Gerald Thomas, que "meteu a mão na menina" que foi entrevistá-lo no lançamento de um livro. Mas o personagem é um daqueles eleitos, acima do bem e do mal, pela 'vanguarda' que - dizem - representaria.
     Há, claramente, uma 'expectativa'. "O cara é de 'esquerda'", imagino que estejam pensando alguns dos nossos determinados manifestantes de causas marcadas. "Ela mereceu", começam a a arriscar alguns segmentos da modernidade intelectual nacional, ainda tímidos, mas com a mesma desfaçatez dos que se omitem quando o assunto é a devastadora corrupção que emana dos poderosos de plantão.
     Como de hábito, estou fora dessa vigarice, desse estelionato que divide os alvos da indignação pela filiação político-partidária. Atos espúrios, degradantes em si, não têm matiz. Canalhas de carteirinha não são menos deploráveis por se circunscreverem no espectro político que mais nos agrada.
     Costumo escrever, quando me refiro a ditadores sanguinários, que assassinos e genocidas são iguais perante a dignidade humana, independentemente do verniz 'ideológico'. Essa máxima também vale para os queridinhos em geral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário