quinta-feira, 11 de abril de 2013

A 'marcha dos manifestantes doidos'

     O Estadão, talvez sem se dar conta, exatamente, da dimensão do trecho que mais me chamou a atenção, exibe na sua página virtual de hoje um exemplo pronto e acabado da vigarice ideológica que transforma nosso dia a dia político em um bordel. Estou me referindo à reportagem sobre a manifestação que ainda está sendo realizada em frente ao belo Palácio Guanabara, na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, ao lado da sede do Fluminense, contra a privatização da administração do recém-refeito Maracanã.
     Não vou, sequer, entrar no mérito da privatização. Particularmente, acredito que o Estado - qualquer Estado - não tem competência nem vocação para cuidar de campos de futebol, entre muitas outras coisas. O que se pode discutir - e esse é um ponto importante - é o fato de a população, mediante seus impostos, ter pago uma fortuna para realizar uma obra que será entregue a particulares e a necessária contrapartida.
     É evidente que seria muito mais digno e decente que houvesse uma licitação anterior. Quem ganhasse o direito à exploração, faria as obras. Simples assim. Mas esse tipo de pilantragem é comum por aqui. Nós, cariocas, construímos a Linha Amarela, por exemplo (o caminho mais rápido e caro entre dois engarrafamentos monumentais), e somos obrigados a pagar R$ 10 reais por dia para usá-la. Um acinte, um escândalo contra o qual pouquíssimos se levantam.
     Mas voltemos à manifestação, que inferniza não apenas ocupante do Palácio Guanabara, esse lamentável governador Sérgio Cabral, mas todos os que são obrigados a passar pela região, que vive horas de caos absoluto no trânsito. Além das duas centenas de representantes da 'sociedade civil organizada' (a turma que nós já conhecemos) e dos deputados Marcelo Freixo e Janira Rocha (ambos do PSOL e sempre dispostos a tirar algum proveito pessoal de qualquer coisa), surgiu, para dar entrevistas um advogado que se apresentou como representante de uma inusitada Federação Internacionalista dos Sem-Teto (Fist). É isso mesmo. Bem, pelo menos é o que nos informa o Estadão.
     Pois o tal representante dessa tal Federação disparou a metralhadora de obviedades e bobagens que se esperaria. Em um parágrafo apenas, juntos interesse das elites, a 'expulsão' dos índios que invadiram um prédio público e as obras no entorno do Maracanã. Aquelas baboseiras 'politicamente corretas que fazem sucesso com a companheirada, mas que não passam de discurso vazio. Mesmo quando há algum fundo de verdade nas contestações. Como é que alguém pode encarar com seriedade a luta por um teto e a privatização do Maracanã. Parodiando o jornalista Sérgio Porto, é algo como a 'Marcha do manifestante doido'.
     A lamentar, mais uma vez, a omissão dessa turma na desmoralização da Comissão de Constituição e Justiça e da Cidadania da Câmara, cuja dignidade vem sendo solapada pela presença dos petistas quadrilheiros e corruptos José Genoíno e João Paulo Cunha e do companheiro de fé, irmão e camarada Paulo Maluf, aquele que é procurado pela Interpol mas vive de abraços e beijos com o ex-presidente Lula. Já pararam para pensar: esses três fazem parte de um grupo que debate cidadania, justiça e a nossa Constituição.

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