domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um chute certeiro


Em todos os sites, jornais e tevês, um dos assuntos dominantes do domingo é a luta realizada ontem à noite, entre dois brasileiros, pelo cinturão mundial da categoria médio do UFC. Pelo que se lê, o lutador Anderson Silva arrasou o adversário, Vítor Belfort, ainda no primeiro round, com um “chute certeiro no rosto”.
Confesso que passei longe do canal que transmitiu o combate, até mesmo para preservar minha integridade física e mental. Nada contra os lutadores, que ganham a vida com a dignidade e as armas que a vida lhes proporcionou. O mal está na essência do espetáculo em si, na busca pela destruição física do oponente; na extrema violência glamurizada; nos irremediáveis riscos à saúde num futuro não muito distante.
Sempre que vejo o destaque dado a esse tipo de espetáculo lembro de uma posição corajosa assumida pela editoria de Esportes do velho Jornal do Brasil, nos idos de 1982/1983. Depois da terceira morte seguida de lutadores de boxe, o excelente João Areosa, nosso editor de então (morto prematuramente há pouco tempo), ainda festejando o Prêmio Esso que acabáramos de receber, pelo trabalho no Mundial da Espanha, baniu a cobertura do ‘esporte dos reis’ das nossas páginas. “Só vamos noticiar as mortes, para mostrar que violência não é esporte”, decretou, ele mesmo um doce praticante de artes marciais. E estávamos lidando com o boxe, que permite ‘apenas’ socos, e com as mãos guarnecidas por luvas.

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