quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre ídolos e paixões

Roberto, o grande ídolo de várias gerações de torcedores (Flávia, minha filha mais velha - e  mais vascaína do que Fabiana, a irmã mais nova -, aos dois anos, gritava gols de Roberto pela casa), parece não ter compreendido a importância da missão que recebeu ao ser eleito presidente do Vasco. Missão muito mais delicada e importante do que os  títulos e mais de 700 gols que comemorou com a ‘nossa’ camisa.
Sua eleição representou não apenas a vitória de um grupo de oposição. Mas a possibilidade de recuperar a imagem e a dignidade do clube com a mais bela história do futebol brasileiro, abaladas  por desencontros e descaminhos.
E tinha – talvez ainda tenha, espero – tudo para isso, graças, principalmente, às duas décadas exemplares como atleta e símbolo do clube. A ele foi perdoado, até, o impensável rebaixamento à segunda divisão, creditado à diretoria anterior, que teria dilapidado, literalmente, o patrimônio de São Januário.
A volta à elite – na verdade, uma obrigação –, alimentada pela paixão da torcida, mostrou que havia potencial para a esperada e determinante retomada de rumo, para o chamamento aos torcedores-símbolos, aproveitando, inclusive, o fato de o governador do Estado e o prefeito do Rio alinharem-se entre apaixonados pelo clube.
O momento passou, e Roberto não viu. A coalizão que ajudou a elegê-lo dissipou-se. Muitos saíram acusando, denunciando. Os que apenas esperavam a oportunidade de participar de um projeto maior, desprovidos de vaidades e interesses pessoais, se recolheram. O ano passado foi medíocre. Cada vez mais isolado, Roberto começou 2011 da pior maneira possível, dando mais gás à crise que já estava inflada ao máximo.
A discussão com Carlos Alberto não tem desculpas. Um presidente, especialmente um que já viveu momentos difíceis em campo, não vai ao vestiário da equipe cobrar resultados logo após mais uma derrota desmoralizante. Para isso existem os executivos profissionais. A demissão do técnico, poucas horas depois de ter sido garantido no cargo, e o pacote de recusas de eventuais substitutos, um deles anunciado como certo, beiraram o pastelão.
Roberto, pela história como atleta, não merecia ter dado esse tiro no pé. O Vasco, pelos quase 113 anos de conquistas, muito menos.

Um comentário:

  1. É o que eu tenho dito: não faz bem à saúde se decepcionar com ídolo. A torcida do Vasco perdeu a alegria de torcer por causa disso. Mas tem cura!

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