segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Historias de Júlia e Pedro

A descoberta dos palavrões

     Eu e Júlia estávamos a caminho da festa de aniversário de uma de suas coleguinhas. Seus pais e o irmão, Pedro, ficaram em outra festa, a dos 33 anos da "tia Fabiana". No percurso entre a Freguesia e Botafogo, fomos falando sobre vários assuntos, até que a conversa recaiu no Colégio Pedro II, onde ela estuda e eu estudei, há muitos e muitos anos (portanto, somos praticamente colegas).
    Falamos do uniforme das meninas - que ela adora -, do Hino do colégio, da Tabuada (grito de guerra que atravessa gerações e que ela sabe de ponta a ponta) e das músicas que nós, nos anos 60, entoávamos pelas ruas da cidade. Recitei uma, a da despedida dos alunos do antigo terceiro ano científico, e entoei outra, um misto de afirmação e provocação. Com uma ressalva:
    - A letra tem alguns palavrões, mas o vovô não vai dizer.
    E asim fiz. Na parte - digamos - mais pesada, a que rimava com 'cachorrada' - uma alusão aos alunos do Colégio Militar, nossos desafetos na época, apelidados, por nós, de 'cachorrinhos de madame' (CM) -, me saí com um "pontinho, pontinho, pontinho". Júlia tentou adivinhar: "É palmada, vovô?". Confessei que não, mas admiti que era uma coisa parecida.
    - Eu sei o que é, vovô. Posso soletrar?", desafiou.
    - Pode", assenti, já prevendo o que poderia acontecer.
    - P... O ... R ... R ... A ... D ... A", escandiu.
    Tentando conter o riso, perguntei como é que ela sabia essa palavra, já que evitamos explosões na frente das crianças. A resposta veio rápida, com o jeito moleque que só Júlia sabe ter:
    - Vovô, eu já conheço muitos palavrões.

(*) Júlia tem 7 anos e meio e representa um divisor nas nossas vidas. Foi a primeira filha da minha filha mais velha, a primeira neta dos dois casais de avós, a primeira sobrinha, a primeira afilhada. Pedro, um moleque 'boleiro' e carinhoso, tem três anos e meio e - assim como a irmã e mentora - muitas histórias para serem contadas. E que serão contadas a partir de hoje, conforme elas forem ganhando vida na minha memória.

3 comentários:

  1. Tio Marco, Eu imagino a sua cara ao ouvir a pequena Júlia falando palavrão na sua frente. Deve ter sido difícil se conter. Ótimas histórias das crianças. Engraçadas e autênticas. Quero mais.... Beijos,Érika

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  2. Muito gostosa esta história.
    Enquanto eu a lia,fiquei imaginando a cena: Marco contendo o riso e a Julia com carinha de sapeca. rs rs rs
    beijos de Ana Maria para toda a familia

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  3. Confesso que ri muito, Érika e Gabriela. Vocês conhecem a Júlia e sabem como ela pode ser esperta.

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