quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Discurso sobre o nada

Quem viu, vai lembrar. Quem não viu, pode imaginar. O governador do Rio, Sérgio Cabral, que estava desaparecido desde o início do escândalo envolvendo a cúpula da polícia estadual, conseguiu, em uma entrevista compulsória, realizada em São Paulo, ontem, falar alguns minutos e não dizer absolutamente nada. Com a cara reservada a tragédias - expressão compungida, teoricamente séria, tentando passar algum sentimento, qualquer um -, repetiu, de formas diferentes, o mesmo discurso sobre o nada, mas com o cuidado de dividir as palavras e criar momentos de silêncio. Mais ou menos como se afirmasse, com convicção, como se estivesse revelando os segredos de Fátima: "Hoje é quarta-feira. É, hoje é quarta-feira. Quarta-feira, é hoje!". Segue, assim, a escola criada, desenvolvida e aprimorada por seu guru, o ex-presidente, capaz de esbravejar as maiores bobagens com a seriedade própria dos canastrões.

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