domingo, 27 de fevereiro de 2011

Toda delação será premiada

     Não sei se é uma questão cultural, mas não consigo encarar a delação, nem os delatores, com naturalidade. Nada contra a verdade, ao contrário. Mas essa ‘lavagem de roupa suja’ oficial quase sempre embute algo não muito decente, uma oportunidade de ganhar alguma coisa à custa de outro.  No caso específico do projeto de lei assinado pelo governador do Rio de Janeiro, o ‘desaparecido-das-tevês’ Sérgio Cabral, envolvendo as polícias civil e militar, toda a deleção será premiada, o que – no meu entender – seria mais um estímulo ao comportamento inescrupuloso de agentes da lei.
     Pelo projeto, o delator, também criminoso, seria perdoado de suas falcatruas. Estaria aberto, com isso, o caminho para maus policiais denunciarem maus policiais, tornando-se, como por encanto, puros e honestos.  Em entrevista publicada no O Globo, o secretário de Segurança, José Maria Beltrame, acena com a possibilidade de levar pessoas “para o lado de bem”. 
     Na verdade, os delatores não estariam trocando de lado, apenas comprariam sua impunidade. O aparato policial do Rio seria muito mais justo com todos, em especial com as instituições, se ampliasse os mecanismos de controle sobre seus membros, exigindo um comportamento digno de quem recebe um distintivo e uma arma para defender a população.

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