quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Crescer é preciso


Há, pelo menos, duas perguntas que, acredito, devem ser respondidas sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, antes que sejam tomadas posições, quase sempre emocionais. Vamos a elas:
- O país precisa aumentar sua capacidade de geração de energia, para garantir que não haja interrupção no seu crescimento?
- Quais as opções, reais, às hidrelétricas?
Não há a menor dúvida – e os recentes e repetidos apagões estão aí para provar – que o crescimento sustentado está atrelado inexoravelmente à capacidade de geração de energia. A grande questão é dimensionar o preço justo a pagar por esse crescimento. A natureza intocada é uma proposta utópica. Toda atividade humana - seja ela qual for - gera agressões ao ambiente, maiores ou menores, mais importantes ou pouco significativas.
O problema não está na construção de Belo Monte, mas nas medidas paralelas, que assegurem o menor grau de agressão possível, entre elas a garantia de que não surgirá, na região, mais uma enorme favela-cidade, povoada pelas legiões que serão atraídas pela obra.
Como crítico rigoroso dos governos passado e atual, fico bem à vontade para dar um crédito de confiança, em especial aos responsáveis pela área ambiental. Os exemplos anteriores, de projetos semelhantes, estão aí, bem vivos, para mostrar o que não deve ser feito.
 

Um comentário:

  1. Oi Marco,
    leio sempre com prazer os seus posts. Permita-me fazer um comentário.
    Os apagões não são necessariamente sinal de que é preciso aumentar a geração de energia elétrica. Apagões podem acontecer por falhas na transmissão ou na distribuição, quase sempre decorrentes de problemas de gestão do sistema.

    Quanto à construção de hidrelétricas na Amazônia, nunca me detive muito no exame da necessidade construi-las ou não e, por isso, não tenho opinião formada. Mas há uma crítica que me parece digna de atenção antes de formarmos opinião: a de que grande parte do aumento da demanda provém da indústria do aço e do alumínio - são altamente intensivas em eletricidade e, principalmente, são exportadoras. Em outras palavras: estaríamos "exportando" nossos recursos ambientais, embutidos no aço e no alumínio que vendemos para países mais ricos que nós e que já perceberam que é mais barato pagar pelos recursos ambientais alheios do que gastar os próprios.
    Se isso é verdade, então a oposição dos ambientalistas é mais do que mera reação passional e deve ser levada em conta (mesmo que alguns deles nem saibam explicitar essa crítica nesses termos).
    Abração da sua leitora fiel
    Terezinha

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