sábado, 22 de março de 2014

Uma pratica bandida

     Quando não havia mais jeito de negar a existência do Mensalão, na época, o maior assalto institucional aos cofres públicos, o PT escalou seu ex-tesoureiro, Delúbio Soares, para assumir toda a responsabilidade pelo misto de canalhice e roubalheira. Foi o que ele fez, bovinamente, ressalvando, entretanto, que teria sido um mero 'caixa 2', um crime menor que já estaria enraizado na cultura política brasileira.
     Com essa atitude, estaria tentando livrar seus chefes da cadeia. Conseguiu, ao menos, com um deles, o ex-presidente Lula, que sequer foi a julgamento, apesar da torrente de evidências que o ligavam ao banditismo. Delúbio purgou o afastamento 'formal' do PT, mas viu seu devotamento ser premiado, anos depois, com uma recepção digna de grande líder, na readmissão no partido.
     O resultado final do julgamento do Mensalão não foi exatamente o que a companheirada desejava, em virtude da determinação, em especial, do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Mas, se levarmos em conta a gravidade dos crimes e o impacto nas instituições nacionais, temos que admitir que ficou de ótimo tamanho para as lideranças petistas. Alguns meses na cadeia do companheiro Agnelo Queiroz, governador de Brasília envolvido em uma penca de malfeitos, e a turma estará livre para continuar ameaçando a dignidade do País.
     Delúbio, assim, cumpriu a parte que lhe tocava no roteiro que destacava a importância de o ex-presidente Lula negar que sabia do que acontecia na sala ao lado da sua (no Palácio do Planalto) e/ou no quarto ao lado da sala onde estava reunido com a liderança do antigo Partido Liberal (atual PR), no dia em que houve um 'aporte' milionário na conta da agremiação do seu futuro vice-presidente, José Alencar, aquele mesmo que chamou a mãe de uma filha fora do casamento de "prostituta".
     Essa tática, de alguém se apresentar como bode expiatório dos crimes petistas, vem sendo exercida à exaustão, como se comprovou, por exemplo, nos episódios dos 'aloprados' (a turma petista que comprava dossiês falsos sobre adversários políticos) e dos dólares na cueca de um assessor do deputado José Guimarães, irmão de José Genoíno e destacado líder do governo. A culpa sempre é assumida - ou transferida!!! - para um assessor de menor importância.
     Com a demissão do tal diretor da Petrobras que teria assinado as informações favoráveis à compra da refinaria de Pasadena, mais uma vez os caciques petistas jogam a culpa do colo de um sujeito qualquer, livrando a cara dos chefões. No caso, a cara da grande chefe, a atual presidente Dilma Rousseff, que poderia ser responsabilizada criminalmente pela desastrada decisão que deu um prejuízo bilionário à Petrobras.
     O sujeito sai de cena, mantém a qualidade de vida, assegurada por uma polpuda aposentadoria, e ainda fica como depositário dos sentimentos dos destaques do esquemão que nos governa e deve continuar governando pelos próximos anos.
     Enquanto isso, o inimputável ex-presidente Lula sai por aí falando mal da sua criatura, jogando o jogo baixo que faz parte da sua prática ...' política'.
     Pobre Brasil.

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