quarta-feira, 12 de março de 2014

Disputa vulgar

     Há uma total e completa inversão de valores nesse Brasil petista. O fato de a Câmara convidar um punhado de ministros para prestar contas de suas atuações e/ou esclarecer denúncias de desvio de verbas é apontado como uma provocação ao Governo, e não como um ato comum em democracias que se respeitam. Em estados decentes, a prestação de contas é uma obrigação moral dos servidores públicos, de qualquer escalão.
     Aqui, não. Essas convocações e convites só acontecem em situações especiais, quando interesses particulares estão sendo contrariados, como agora, nessa disputa eleitoreira entre o PT e o PMDB. Se tudo estivesse transcorrendo dentro das expectativas, mantidos os acordos de distribuição de feudos, certamente o país não teria a chance de saber, ao menos, que há denúncias escabrosas sobre corrupção na Petrobras.
     Já nem chego a imaginar a possibilidade de uma discussão série e profunda sobre os desmandos que vêm provocando a destruição da nossa principal empresa, loteada e a serviço de um projeto político destinado a perpetuar o PT no poder. Acho que o 'desprendimento' dos nobres participantes da comissão de deputados que vai ouvir a senhora. Graça Foster não dará brechas a questionamentos mais profundos.
     Como também não acredito em um questionamento mais sério dos cinco ministros convidados a prestar esclarecimentos à população, através de seus representantes. Ao longo dos últimos anos, o grupo que está no poder, de fato, costurou uma imensa teia de sustentação, capaz de filtrar qualquer tentativa mais séria de furar o escudo protetor oficial.
     O que seria uma obrigação do Congresso - zelar pela correta administração do País - transformou-se em uma mera e vulgar queda de braços pelo protagonismo nas eleições de outubro, fomentada pelo próprio Governo, interessado em aparecer como vítima.

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