sábado, 29 de março de 2014

Um risco desnecessário

     A utilização das Forças Armadas na ocupação do complexo de favelas da Maré, aqui no Rio, e, em breve, durante a Copa do Mundo pode provocar um abalo irreparável na instituição, maior, até, do que a repercussão dos atos criminosos praticados durante os governos militares. Não custa repetir: Exército, Marinha e Aeronáutica não têm formação e preparação especiais para desempenhar tarefas exclusivas das polícias.
     A alegação de que há precedentes de sucesso não se sustenta, pois as circunstâncias eram absolutamente diferentes das que existem hoje em todo o país, tomado por manifestações que se mostraram incontroláveis. Da Polícia Militar, por exemplo, exige-se que tenha uma atitude mais passiva ao ser destacada para garantir a ordem e o patrimônio público e privado. De um PM, espera-se que vire a face para receber a segunda cusparada,
     Por formação, atribuição e representatividade, é impensável que um militar, fardado e em missão, deixe de reagir com contundência. A cena de um major da PM sendo esbofeteado em uma comunidade do Rio, há alguns anos, jamais seria tolerada caso fosse um oficial do Exército. Não podemos esquecer que as Forças Armadas são símbolos nacionais e que, portanto, não podem ser ofendidas.
     Fico imaginando o impasse: um grupo de manifestantes, insuflado por traficantes, decide incendiar um carro de combate, por exemplo. O que é que vocês pensam que pode acontecer? Não tenho dúvidas que o responsável  pela guarnição usará a força máxima para defender seus homens e equipamentos. É para agir assim que são formados todos os exércitos do mundo. Não existe relutância no vocabulário militar.
E é nessa armadilha que estão sendo jogadas as Forças Armadas. Reagem, e são atiradas à execração; ou se omitem, se acovardam e sua existências perde o sentido.
     Eventualmente - e espero que a exceção se transforme em regra -, o emprego de efetivos militares em confrontos não será necessário. Mas o risco existe, sim. Um risco que não deveria ser assumido e que ganha proporções inigualáveis graças à covardia dos nossos governos estaduais e federal, reféns do calendário eleitoral.

Um comentário:

  1. Muito conveniente para o "governo": transfere responsabilidade e, se der errado, tanto melhor, desgasta ainda mais as Forças Armadas. Estão sendo, como você disse, atiradas à execração.

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