domingo, 9 de março de 2014

Choque de decência


     O operoso secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, admite que está pensando em reocupar o Complexo do Alemão, grupo de favelas da Zona Norte da cidade do Rio. É uma admissão formal de que a pacificação conquistada com tantas dificuldades foi atropelada pela reação do tráfico, responsável pela morte de diversos policiais.
     Se fosse consultado, diria às autoridades policiais que é preciso mais do que ocupar um complexo de favelas. É preciso ocupar todo o estado, implantar o reinado do direito em todos os municípios, em especial na área que conhecemos como Grande Rio, que engloba a Baixada Fluminense e Niterói.
     O Estado do Rio precisa, urgentemente, de uma  enorme e abrangente Unidade de Polícia Pacificadora, que garanta aos cidadãos decentes o direito de ir e vir; de andar pelas ruas sem medo; de explorar as belezas naturais; os calçadões, parques e praias.
     Em síntese, o Rio de Janeiro precisa urgentemente da presença do Estado, que não pode, comodamente, se omitir com relação às população de rua, às quadrilhas de jovens que infernizam a vida de mulheres e idosos, em especial.
     A população - acredito que esteja resumindo uma ansiedade geral - já não suporta mais ficar refém de marginais. O caos urbano chegou ao ponto de banalizar ocorrências que, em passado não tão distante, eram consideradas graves. Arrastões a qualquer hora do dia, em todas as partes da cidade, incorporaram-se à 'paisagem' das nossas cidades, destaque absoluto para o Rio.
     E tudo é encarado com certa bonomia, em tom de troça, superficial. A violência que marcou todos os blocos carnavalescos não mereceu mais do que alguns comentários, alguns em tom de troça. As pessoas que pagaram uma fortuna para ver os desfiles das escolas de samba foram atacadas por gangues no entorno da Marquês de Sapucaí.  Centenas de turistas foram atacados e roubados nas ruas, praças e praias (sem falar nos preços exorbitantes cobrados nos hotéis, restaurantes e pelos ambulantes).
     O Rio precisa, para ontem, de um choque de autoridade e de decência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário