terça-feira, 30 de julho de 2013

Violência tem limites

     Confesso que me sinto constrangido, mas sou obrigado, por coerência, a me solidarizar com o governador Sérgio Cabral, quando ele pede o fim das manifestações em frente à sua casa, em nome dos filhos, crianças de seis e 11 anos, que estão sendo expostas diariamente a um clima de violência que pode marcar suas vidas, e dos vizinhos, cujas rotina e tranquilidade vêm sendo atropeladas.
     O Cabral político é indefensável, e venho dizendo isso há muitos anos, ao contrário dos mentores e beneficiários do irreversível desgaste do ainda governador fluminense. Não apenas por seus recentes desmandos, mas pelo seu histórico, que passa obrigatoriamente pela aliança com essa lastimável Era Lula que já dura dez anos e sete meses.
     O peemedebista Cabral é o mesmo parceiro, 'irmão de fé' e eleitor de Lula e Dilma, aliado de primeira hora do PT, partido que abocanha boa parte da estrutura administrativa do Estado do Rio de Janeiro. Aquele mesmo político flagrado na esbórnia com o então proprietário da construtora Delta, a empresa queridinha do PAC, envolvida em falcatruas que tinham a digital do Governo.
     Ao longo dos últimos anos - quase sete -, nosso governador viveu em um mar não de rosas, mas 'vermelho-PT'. Dividiu palanques, almoços, jantares, recepções e meras bajulações com a atual presidente e seu antecessor, sob os olhares cândidos da militância que hoje está na porta da sua casa. A relativa proximidade da eleição - e teremos uma importantíssima ano que vem -, no entanto, acelerou as dissensões.
     Dois candidatos a candidato entraram para valer na disputa, e mobilizaram suas tropas de choque. Na verdade, a tropa é uma só, embora faça continência para dois comandantes que, não tenho dúvidas, farão uma composição caso algum deles chegue a um provável segundo turno ano que vem.
     Reafirmo, mais uma vez, minha simpatia pelas manifestações que expuseram a face ordinária do atual esquema de poder. Mas reforço meu repúdio à violência como forma de reivindicação. O cerco à família do governador é, para mim, uma forma deletéria de protesto. Tão reprovável quanto seria um eventual cerceamento da liberdade do neto da atual presidente.

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