terça-feira, 9 de julho de 2013

A encruzilhada nacional


     Jamais deixei de votar, anulei ou votei em branco. Considero esse direito tão fundamental, que sequer imagino desperdiçar a chance de exercê-lo, ou de exercê-lo mal. E quando me refiro a 'mal', pressuponho que haja uma maneira 'boa' de votar. Na minha medida, voto 'bom' é o que nasce de uma espécie de autoquestionamento, da avaliação do que é mais representativo de seus ideais, convicções, independentemente do nome que vier a despontar desse processo.
     Acredito - e tenho tido diversos embates filosóficos sobre esse tema com um amigo de longuíssima data - no voto, em especial, e na política, em geral. Não me imagino em um lugar de pensamento e partido únicos, onde não haja o contraditório, a alternância de poder, o debates de ideias.
     Por isso, lamento profundamente o resultado da pesquisa realizada pela ONG Transparência Nacional e publicada por diversos jornais e revistas, entre eles O Globo. Temo por um país no qual 81% dos seus habitantes acreditam que políticos e partidos são corruptos. Lastimo que o Congresso seja apontado como a pior instituição por 72% da população; que o Judiciário provoque desconfiança na metade dos nossos habitantes.
     Esse índices são incompatíveis com uma Nação que se pretende protagonista e deveria nos remeter decididamente a um exame coletivo da consciência nacional.

2 comentários:

  1. Não sei se o tal "amigo de longuíssima data" sou eu, mas, a julgar pelos debates que já tivemos sobre esse assunto, presumo que sim. Marco, responda-me: em quem deveria eu votar, se em todo o espectro dos partidos não encontro um sequer com o qual me identifique? Como já disse tantas vezes - e melhor que eu disse o Rodrigo Constantino, acho que ontem - não há no Brasil um partido digamos, de direita, ou liberal ou conservador. E aí? A votar no "menos ruim", prefiro votar em branco. Acho mais honesto, no meu caso. Votar em branco não significa votar mal. Significa apenas que ninguém merece o meu voto, por não defender meus ideais e minhas convicções.
    Outro aspecto importante é de que o voto não deveria ser obrigatório. Votar é um direito do cidadão, e como tal, não pode ser obrigatório. Ninguém pode ser obrigado a exercer um direito.
    Quanto ao resultado da pesquisa, nenhuma estranheza. Eu me incluo nesses 81% que classificam os partidos e os políticos - possivelmente com raras exceções - como corruptos. Isso é o mínimo que se pode dizer deles. Uma investigação séria e rigorosa no Congresso Nacional colocaria a maior parte dos políticos na cadeia. Governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores também não fojem à regra. 81% para mim ainda está barato.

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  2. Eu certamente também estaria incluído entre os 81%, caso fosse consultado, Paulo. É exatamente isso que me perturba, deprime. Não temos uma representação digna, por nossa culpa, já que nós elegemos os que estão no Poder. Nada pode ser pior para um país do que a falência de um de seus pilares.

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