domingo, 28 de julho de 2013

A admissão da mediocridade

     "Querida, olha, vou te falar uma coisa: eu e o Lula somos indissociáveis. Então esse tipo de coisa, entre nós, não gruda, não cola. Agora, falar volta Lula e tal... Eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi. Ele não saiu. Ele disse outro dia: "Vou morrer fazendo política. Podem fazer o que quiser. Vou estar velhinho e fazendo política".
     A frase é da presidente Dilma Rousseff, em entrevista à Folha de São Paulo - em resposta a uma indagação sobre a possibilidade de o ex-presidente Lula ser o candidato oficial ano que vem -, e foi devidamente comentada por gente de todos os matizes. Por motivos óbvios e jamais ocultados, prefiro ficar com o enfoque crítico, mais adequado a essa nova bobagem dita em tom de quem está revelando mais um 'segredo de Fátima' porventura ainda oculto do mundo.
     Comecemos pelo começo, pelo "querida', dirigido a uma das entrevistadoras. E o 'jeitinho' da presidente, herdado do seu mentor e criador. A prepotência disfarçada; a arrogância enfeitada com paetês e miçangas. A continuação da frase apenas exibe o que jamais foi colocado em dúvida. Eles - a presidente e o ex - são, realmente, indissociáveis. Ela sabe que não existiria, que é apenas um apêndice que inflamou, inchou e começou a ameaçar todo o organismo do poder inaugurado há longos dez anos e meio.
     Combatido com vaias e passeatas, o inchaço refluiu e o apêndice começou a voltar à sua importância mais exata, próxima do nada. Na verdade - e essa observação já foi elaborada por alguns representantes do universo oposicionista -, Lula nunca deixou de participar, de mandar, de ser o fiador de mais esse lastimável governo que continua sem rumo, projetos e pessimamente administrado.
     Poucos personagens que tenham alcançado o mais alto posto de um país foram tão subservientes quanto nossa presidente em relação ao seu antecessor, apesar de bombardeada pelas declarações da sua base, do visível 'contentamento' com seu inferno astral.
     É a admissão da própria 'desimportância'. O atestado de óbito de uma carreira que nasceu em um ministério marcado pelas denúncias de corrupção - a Casa Civil - e que pode estar se encerrando sem o menor brilho, sem deixar a digital.
   
     PS: Quanto à ameaça inclusa na frase - a de que Lula não pretende abandonar a política, jamais: tenho dito e repetido há algum tempo que nosso ex-presidente sofre de ausência de superego.

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