segunda-feira, 6 de maio de 2013

Secretária argentina explica 'fator Rosemary'

     O Globo de hoje reproduz denúncias feitas por uma ex-secretária do ex-presidente argentino Néstor Kirchner. As histórias são escabrosas. Sacolas de dinheiro e barras de ouro que eram entregues na Casa Rosada, pesadas e enviadas posteriormente para a residência do casal presidencial, na cidade de El Calafate, onde haveria um cofre secreto. A secretária, Elizabeth Miriam Quiroga, chega a detalhes, lembrando os nomes dos funcionários encarregados de receber e encaminhar os pacotes.
     Vocês talvez não estejam ligando o nome da denunciante às revelações que ela fez, há algum tempo, em entrevista à revista Noticias, logo após a morte do ex-presidente, ocorrida em outubro de 2010 (a matéria também ignorou o fato). A ex-secretária decidiu falar sobre sua relação - era amante de Néstor desde os anos 1990 - após perder o cargo de diretora do Centro de Documentação Presidencial, por determinação de Cristina Kirchner, já presidente e viúva.
     O estrago político que essas novas revelações podem provocar não foram mensurados. Mas certamente devem abalar o já fragilizado governo argentino, que vive às voltas com uma inflação fora de controle, desemprego e queda bruta na popularidade. Relações extraconjugais, quando não envolvem corrupção ou tráfico de influência, tendem a ser relevadas, corretamente. Sacolas de dinheiro e barras de ouro, entretanto, não rimam com a higidez que vem sendo exigida dos argentinos.
     O cenário argentino - guardadas as proporções - remete diretamente a um momento brasileiro: a participação deletéria do ministro Gilberto Carvalho no acobertamento e manipulação das investigações sobre as atividades ilícitas da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, apontada - também! - como amiga íntima do ex-presidente Lula.
     Acusada de vários crimes e com enormes chances de ir para a cadeia, além de perder emprego e vantagens, Rosemary é uma bomba que pode explodir a qualquer momento. Rejeitada pelo ex-chefe, que a vem ignorando formalmente, e atropelada por investigações independentes, Rose, como era chamada, carrega com ela um enorme potencial destrutivo. Muito maior - repito o que escrevi ontem - do que o do publicitário mineiro Marcos Valério, operador do Mensalão do Governo Lula.

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