domingo, 5 de maio de 2013

Nos subterrâneos do Poder

     Um dos destaques de hoje de O Globo é o fato de o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci - aquele mesmo que destruiu a vida do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que ousou revelar os escândalos que ocorriam em uma mansão às margens do Lago, em Brasília, e ficou milionário de um dia para outro, prestando 'consultorias' - continuar muito perto do poder e influindo diretamente no Governo Dilma.
     Tomo a liberdade de lembrar que a presença de elementos envolvidos em crimes ou comportamentos indignos em geral é uma das características mais marcantes do atual governo, repetindo o que acontecia no anterior. Palocci é apenas mais um que, oficialmente, foi afastado, para evitar a contaminação e a consequente reação na sociedade. Sua ex-colega Erenice Guerra, que ocupou a Casa Civil e foi acusada de vários delitos, continua prestigiadíssima pela presidente Dilma e - segundo notícias jamais desmentidas - usando seu 'poder' para assessorar empresas no contato com o Governo.
     Isso, sem falar no onipresente ex-ministro José Dirceu, condenado por ser o chefe da quadrilha que assaltou os cofres públicos no episódio do Mensalão do Governo Lula. Ele está em todas, mesmo que em um conveniente segundo plano nas fotografias de solenidades que envolvem o Governo e o PT. Apoiadíssimo pelo partido (leia-se Governo, pois são sinônimos), é outro que deslanchou como 'consultor de empresas'.
     Os três, ao menos, estão oficialmente fora do primeiríssimo escalão dessa lamentável República, embora - insisto - continuem ativos. Muito mais grave é a presença formal de elementos como o ministro do Desenvolvimento e outras coisas, Fernando Pimentel, outro que ficou milionário com palestras que jamais proferiu quando estava nas vésperas de assumir a coordenação formal - apenas formal, pois já era, de fato - da candidatura de Dilma Rousseff.
     E Gilberto Carvalho, o ex-seminarista que daria a vida por Lula? Sempre que leio seu nome lembro das acusações feitas pelos irmãos do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel. Segundo eles - em depoimentos oficiais!!! -, o atual ministro da Secretaria Geral da Presidência era o encarregado de coletar a propina cobrada das empresas de ônibus de prefeituras dominadas pelo PT, em São Paulo.
     Assim como fazia nos oito anos em que serviu ao ex-presidente Lula, o ministro continua dando a vida pelo chefe e prestando-se a papéis nebulosos, como porta-voz dos pensamentos que seus superiores não têm a coragem de expressar. Nos últimos dias, através de Veja, ficamos sabendo que ele está agindo violentamente para abafar as investigações sobre a ex-companheira de viagens do ex-presidente, Rosemary Noronha.
     É um meio de ajudá-la a escapar dos inúmeros processos e provável cadeia que vai enfrentar. Ele sabe que Dona Rose é um poço de mágoas. E que nada pior para um político do que uma ex-qualquer coisa magoada e decidida a contar o que sabe, para evitar a catástrofe maior.
     Essa gente toda continua mandando no país.

     PS: Vocês sabem que Bruno Daniel, irmão do prefeito assassinado, foi acolhido na França, na condição de asilado? Temia que, aqui, ele e sua família fossem vítimas de atentados, em virtuda da sua insistência em desvendar a morte do irmão.

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