domingo, 10 de março de 2013

O lixo emerge de sob o tapete

     A reportagem está em O Globo. Objetiva, factual. O texto das repórteres Catarina Alencastro e Isabel Braga é apenas e tão-somente noticioso. Retrata um fato, indiscutível, acima de tergiversações. Os ex-ministros Carlos Luppi (PDT) e Alfredo Nascimento (PR), defenestrados do Trabalho e dos Transportes, respectivamente, por envolvimento em pilantragens, em meio à crise de dignidade do primeiro ano da Dilma Rousseff, estão de volta à Corte, convidados pela presidente.
     Não se trata de uma volta formal aos postos que desonraram - tanto que foram excluídos, na tal 'faxina', que não passou de um ato de marketing -, mas à cozinha do poder, à antessala das decisões petistas, das alcovas. Pois os dois representantes da dissolução moral que marcou (?) o governo Dilma foram chamados para conversar sobre a reforma ministerial que vai consolidar os apoios à reeleição da presidente. Tudo o que vem sendo e será feito nesse país tem um objetivo apenas: garantir o maior apoio posssível a Dilma Rousseff no embate com Eduardo Campos (PSB-PE), em especial, pelo mais alto posto do governo.
     "Isso é política, idiota", poderiam gritar os convenientemente pragmáticos defensores dos atuais detentores do poder. Não tenho a menor dúvida. Essa é a política desenvolvida pelo esquema que domina o país há 10 anos e que insiste em posar de sério, exemplar, intransigente com os ilícitos.
     Poucas vezes na nossa história um grupo partidário que se apresenta como honrado fez tantos acordos indignos com tantos grupos desqualificados, exibindo a mais completa identidade entre eles. Não consigo ver diferenças marcantes entre Paulo Maluf e Lula; entre Rosemary Nóvoa e Dilma Rousseff, as duas últimas, produzidas pelo mesmo criador, com objetivos distintos, é verdade.
     Além de atingir Lupi e Alfredo Nascimento, a 'faxina' de 2011 atirou alguns personagens para 'debaixo do tapete', entre eles os ex-ministros Antonio Palocci (Fazenda), Mário Negromonte (Cidades), Orlando Silva (Esporte), Pedro Novais (Turismo) e Wagner Rossi (Agricultura). Todos estão por aí, leves, lépidos e fagueiros. Nada aconteceu com eles, ou com os patrimônios que acumularam.
     Na prática, continuam dando as ordens, influenciando, determinando a divisão do bolo oficial entre correligionários. O tempo é o grande aliado dessa gente.

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