quinta-feira, 28 de março de 2013

A história e as histórias

     Embora com atraso (a lastimável operadora OI me deixou isolado do mundo por dez longos dias), não posso deixar de opinar sobre a celeuma que envolve (ou envolveu ...) a ocupação do antigo Museu do Índio, ali ao lado do Maracanã. Em primeiro lugar, o tal casarão da Rua Mata Machado (construído em 1862) sediou o museu apenas durante algo em torno de 25 anos, de 1953 a 1978. Nos últimos quase 35 anos - é isso mesmo, 35 anos!!! -, o museu vem funcionando em um belo casarão do século 19, na Rua das Palmeiras, em Botafogo.
     Portanto, é uma grande bobagem colocar o prédio abandonado do Maracanã (o abandono é outra discussão!) como uma questão índia. Podemos discutir sua importância, o desrespeito com a história e o patrimônio, marca inconfundível das nossas administrações públicas. Até aí, tudo bem. Eu, por exemplo, sou um dos saudosos fãs do Palácio Monroe, que já abrigou o Senado - ali naquela área que mistura Cinelândia e Passeio Público -, construído para ser o pavilhão brasileiro na Exposição Universal de Saint Louis, nos Estados Unidos, realizada em 1904.
     O edifício foi tão elogiado e ficou tão bonito que mereceu ser desmontado e reconstruído no Brasil, aqui no Rio de Janeiro, para ser usado como sede da
Terceira Conferência Pan-Americana. em 1906. Por sugestão de Joaquim Nabuco, foi batizado em homenagem ao presidente americano, James Monroe, o 'pai' do pan-americanismo. Não resistiu à estupidez e foi demolido em 1974, embora já estivesse tombado pelo patrimônio estadual. Segundo nos relembra a memória da cidade, a demolição contou com o apoio entusiástico do jornal O Globo e do arquiteto Lúcio Costa., sob a alegação de que interferia na paisagem e no trânsito.  
     O casarão do Maracanã certamente não mereceria destino semelhante ao do Monroe. Seus 150 anos de existência já justificariam um movimento pela sua preservação. Mas não consigo engolir a vigarice retórica de misturar as duas histórias: a do prédio e a dos índios.

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