quarta-feira, 13 de março de 2013

Falta dignidade aos governantes

     Não foi por falta do dinheiro dos royalties provenientes da exploração do petróleo, certamente. A mais recente mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas é apenas um dos pequenos reflexos do descalabro administrativo imposto ao Estado do Rio de Janeiro, como um todo, e à cidade do Rio em especial. Peixes morrem na Lagoa há dezenas de anos, vítimas da incúria. Assim como morrem nas lagoas de Jacarepaguá e estão desaparecendo da Baía de Guanabara, receptáculos de toneladas e toneladas diárias de esgoto sem tratamento.
     Nossas praias, tão afamadas e lotadas, são vergonhosamente poluídas. E não 'apenas' as areias. O mar em que mergulhamos é um caldo de dejetos. O Rio fecharia para balanço se os turistas estrangeiros se dessem ao trabalho de dar uma olhada nas condições das nossas praias, publicadas diariamente em O Globo, por exemplo. Uma vergonha!
     Os rios e canais que cruzam nossa cidade são meros valões fétidos. Basta uma chuvarada mais forte para espalhar doenças por toda a parte. Já nos meus tempos de cobertura da Cidade, ainda no velho O Jornal, usávamos a imagem do Maracanã para mostrar o volume de porcaria que era despejado diariamente na Baía de Guanabara. Há 30 anos, estimávamos em um Maracanã lotado de esgoto por dia. Hoje, arriscaria dobrar a aposta.
     Moleque de Marechal Hermes, no começo dos anos 1960, cheguei a mergulhar nas águas das ainda razoavelmente limpas praias da Ilha do Governador e de Sepetiba, as escolhidas por nós, suburbanos assumidos que não se atreviam além do túnel, nos paraísos de Copacabana, Ipanema e Leblon. Hoje, há pouca diferença. Um pouco mais, ou pouco menos, de democráticos coliformes fecais.
     A poluição das nossas águas é apenas um exemplo do desleixo com que somos tratados nessa cidade-de-faz-de-conta. O Globo de hoje nos fala, também, das agressões e assaltos a estudantes na Gávea. E os tais royalties continuam a jorrar nos cofres oficiais. Pode até faltar dinheiro, mas nossa carência, de fato, é de dignidade.

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