quinta-feira, 14 de março de 2013

A Pedra no caminho do novo Papa

     Já estou torcendo para que o papa Francisco I anuncie, logo, a vontade de comer uma empada de camarão em um dos vários restaurantes da Rua Barros Alarcão, aqui na Pedra. E que já esteja tentado a passear pelo deque que acompanha a geografia da praia e pelo nosso calçadão, aproveitando a presença na 38ª Jornada Mundial da Juventude, que será realizada aqui no bairro, do dia 23 a 28 de julho, nas terras da Fazenda Mato Alto,na confluência da Avenida das Américas com a Estrada da Matriz.
     Seria a chance de o Estado, afinal, fazer alguma coisa para evitar a vergonha de ver Sua Santidade tapando o nariz para escapar do cheiro da poluição que emana especialmente nos momentos de maré baixa. Na maré alta, a beleza dos barcos de pesca ancorados supera os problemas, que não são exclusivos da Pedra.
     O Rio de Janeiro, como um todo, é um grande esgoto a céu aberto. Nossos rios e canais transformaram-se em valões fétidos há muito tempo. As praias ficam impróprias durante 80 por cento do ano. Quando 70 por cento dos cariocas acionam as descargas de seus banheiros, sabem (ou deveriam saber ...) que vai 'tudo' direto para nossas praias, de mar aberto ou das baías. Do produtor ao banhista, sem intermediários.
     A Fazenda Mato Alto, onde se concentrarão os dois milhões de fiéis esperados para o Encontro, é - podemos dizer - a remanescente da partilha de terras entre os dois filhos de Manoel Velloso Espinha, primeiro donatário da região: Jerônimo ficou com a parte norte; Manoel Filho com a sul. Entre as duas, o Rio Piraquê, que deságua na Baía de Sepetiba e hoje batiza uma comunidade que se formou às suas margens.
     De alguma maneira, o novo papa tem uma ligação com o bairro, cuja área pertenceu (por doação) à Província Carmelitana Fluminense, uma congregação religiosa de frades da Ordem do Carmo, responsável por várias benfeitorias, entre elas uma igreja, noviciato e um engenho.
     Outra ligação com a igreja, e que poderia ser visitada por Francisco I: a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, construída em 1626. É a terceira igreja mais antiga do município do Rio de Janeiro e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Fica em um lugar estratégico, com ampla visão para a praia da Pedra e para a Restinga de Marambaia.
     Mais um motivo para uma passada de Francisco I pela nossa principal rua: D. José de Barrros Alarcão foi o primeiro bispo a governar a novíssima Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, entre 1680 e 1700, nomeado pelo então papa Inocêncio XI. Até 1676, o Rio era uma Prelazia, governada por uma autoridade 'menor' da Igreja.

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