terça-feira, 18 de junho de 2013

Vidas incendiadas

     Ao ler sobre o operário que perdeu o carro, um prosaico modelo de 1993, comprado a prazo, na última manifestação ocorrida no Rio - jovens 'ativistas' incendiaram o veículo -, me veio à memória, de imediato, outro atentado perpetrado contra um representante da classe que deveria ser defendida. Estou me referindo a Francenildo Campos Costa, o caseiro brasiliense que ousou denunciar a presença constante do então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em uma mansão suspeitíssima, às margens do lago Paranoá.
     Nessa casa, vigaristas de todos os matizes e origens se reuniam para trocar informações, combinar assaltos aos cofres públicos e participar de bacanais. O Governo de então (essa Era Lula ...), além de desmentir categoricamente o fato, tentou desmerecer o denunciante. Uma das medidas: quebrar criminosamente seu sigilo bancário. Para alegria petista, foi encontrada uma quantia acima das posses do rapaz.
     Não havia mais dúvida: os neoliberais estavam pagando por suas denúncias, destinadas a conflagrar ainda mais o cenário nacional, abalado pelo escândalo do Mensalão. Massacrado, Francenildo foi obrigado a revelar que o dinheiro fora depositado por seu pai biológico, como forma de compensar o abandono do filho. Palocci perdeu a vaga na futura corrida presidencial, foi reabilitado por Dilma Rousseff e caiu novamente em desgraça quando da divulgação do crescimento exorbitante de seu patrimônio. Mas continua rico e influente no PT.
     Já a vida de Francenildo ... De lá para cá - e já se vão sete anos!!! -, seu dia a dia virou um inferno. Mal consegue trabalho. Ficou marcado. Até hoje tenta receber uma indenização pelo crime cometido pelo governo que se nomeia representante dos pobres e oprimidos.
     O operário carioca também foi mais uma vítima da estupidez ideológica.

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