quinta-feira, 27 de junho de 2013

Em defesa da democracia

     Ao que parece, e para o bem do país, a ideia de modificar o Brasil mediante consultas plebiscitárias 'subiu no telhado'. Demagógico e oportunista, como quase tudo que nasce nas bandas oficiais nos últimos dez anos, esse tipo de interação com a tal 'voz das ruas' vem sendo usado nas terras bananeiras da América do Sul para dar sustentação a projetos personalistas e partidários, a exemplo do que ocorreu e vem ocorrendo na Venezuela, Bolívia e Equador.
     Não por acaso, as reações foram as piores possíveis. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Brito, lembra hoje, em O Globo, que uma consulta naturalmente vaga à população, sobre se quer reformar a política, seria "um cheque em branco" para o Congresso, através da maioria governista (leia-se PT e seu coadjuvante PMDB), aprovar o que bem entendesse. Já imaginaram? José Genoíno e João Paulo Cunha, por exemplo, expoentes petistas e quadrilheiros condenados, certamente teriam um papel protagonista nas mudanças.
     Extrapolando, podemos imaginar o cenário que, pelo histórico, vem sendo idealizado especialmente pelos próceres petistas: reformar a Constituição, paulatinamente, mediante novos plebiscitos, até adequá-la aos projetos que embalam o grupo que controla o poder maior. É a receita 'chavista', ou 'bolivariana', que vem sendo ministrada nos nossos arredores e que acaba legalizando a ilegalidade, o arbítrio, o esbulho dos direitos consagrados pela democracia.
     De plebiscito em plebiscito, o insepulto Hugo Chávez atropelou e redesenhou as leis, calou opositores, estuprou a Justiça. No Equador, esse lamentável Rafael Correa vem eliminando a liberdade de imprensa, persegue jornalistas, fecha jornais. É a síntese do maquiavelismo, da desfaçatez: acabar com a essência da democracia usando, para isso, os direitos que emanam dessa mesma democracia.

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