domingo, 16 de junho de 2013

Havia Brasília, no meio do caminho

     Desde o início das recentes manifestações - e discuti esse tema com um jovem amigo, ontem - venho defendendo a tese de que há, sim, um enorme componente político-partidário por trás de tudo. Até mesmo a adesão de grande parcela de jovens é resultado de um exercício de manipulação executado por grupos extremistas e radicais. A garotada vai para as ruas pensando que está mudando o país, mas, na verdade, está sendo usada como fachada para projetos eleitorais, lutas por protagonismo.
     Assumi essa tese bem antes de saber, pela Folha, que investigações da polícia paulista detectaram o uso de grupos de marginais por militantes de partidos de extrema - no caso, PSTU e PCO e outros siglas semelhantes -, que vivem em confronto com tudo e todos, incluindo nesse pacote de adversários até mesmo o PT, antigo parceiro. É a turma que continua defendendo luta armada e ainda se mantém fiel ao espírito do velho e sepultado regime albanês.
     Seria muito simplório acreditar que movimentações que alcançaram essa dimensão estivessem mirando apenas no reajuste das tarifas de transporte público. Há, é verdade, idealismo e insatisfação com a péssima qualidade dos serviços e com o início de crise que começa a nos rondar mais de perto. Como há simples vandalismo de desajustados. Mas o foco central é a luta pela imposição ideológica, que se aproveita da saudável tendência natural dos jovens à contestação.
     Nesse contexto, há uma aposta evidente no conflito. Passeatas que acabam sem cassetadas ou balas de borracha não conseguem a repercussão idealizada. Mostram, sim, inconformismo, mas não exibem as imagens de confronto com as 'forças de repressão' que alimentam novas manifestações e assim sucessivamente.
     Num primeiro momento, o partido que domina o poder há dez anos e meio ficou em uma confortável expectativa. O confronto em São Paulo favoreceria, em tese, a campanha petista para o governo, ano que vem, pois a polícia - quase sempre estúpida - é estadual, comandada pelo governador, que é do PSDB. O papel da prefeitura, que é do PT, ficaria difuso, embora as tarifas de ônibus em questão sejam responsabilidade municipal. 
     No Rio, o desgaste do governador Sérgio Cabral não faria diferença. Na melhor das hipóteses, reforçaria a candidatura do senador Lindberg Farias. Entre feridos e feridos (não houve mortes, ainda bem), o saldo seria bom. Alguns próceres petistas chegaram, até, a ensaiar acondenação da arbitrariedade em São Paulo. Sabemos que o PT cogitava liberar sua turma para engrossar as fileiras que protestam em São Paulo.
     Mas, aí, aconteceu Brasília.

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