sexta-feira, 7 de junho de 2013

Excrescência jurídica

     Houve um momento na minha vida - pouco depois da minha saída de O Globo - em que precisei, mesmo, reduzir as despesas, para equilibrar receita com gastos familiares, muito grandes naquela época - filhas pequenas, prestação de casa etc. Uma das providências foi trocar o carro pela condução coletiva. Outra, adaptar o cardápio do almoço ao tamanho da carteira.
     De esquina em esquina, ali nas imediações do cruzamento das Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, cheguei a um misto de bar e restaurante que atendia às necessidades do organismo.
     Nada de excepcional. Milhões de pessoas fazem isso, diariamente. Nossos ministros de tribunais superiores, não. Continuam comendo às nossas custas. Embora ganhem salários inimagináveis para trabalhadores normais - merecidos, sem dúvida! -, acabam de receber pequenas fortunas referentes ao pagamento, retroativo, de refeições feitas ao longo de nove anos.
     É algo inacreditável e, em, países decentes, inaceitável. A pilantragem - não há outro nome, embora tudo esteja dentro da lei - chegou, segundo O Globo, a estratosféricos R$ 3,64 milhões. Para agravar ainda mais, é público e notório que esse 'benefício' está 'sub judice', para usar uma expressão que deveria ser levada em conta especialmente por magistrados.
     A farra contempla ministros dos Tribunais Superior do Trabalho, Superior de Justiça e Superior Militar e foi aprovada - de acordo com o noticiário - em uma reunião "secreta" realizada em agosto do ano passado. Mais uma excrescência, em especial quando parte de órgãos voltados para a execução da Justiça.
     Não há justificativa possível para esse tipo de atitude. São fatos assim que destroem, por exemplo, a imagem que o STF conseguiu construir ao longo do julgamento do Mensalão do Governo Lula, ao condenar figurões do poder.

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