segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Brasil em debate

     A presidente Dilma Rousseff é, talvez, a maior vítima das manifestações que explodem em grande parte do país e que extrapolaram a simples contestação do aumento das tarifas de transportes públicos. Os 'vinte centavos' que atingiam prefeitos e governadores, transformaram-se em uma enorme discussão sobre o momento brasileiro. Não mais o ônibus, trens e barcas sucateados e o metrô superlotado. As legiões que tomaram conta da rua também estão debatendo prioridades governamentais. Até mesmo os investimentos no futebol - a ainda imbatível paixão brasileira - estão na pauta.
     Imprensada, a presidente foi obrigada a dizer alguma coisa. Imagino - e me dou a esse direito - que preferisse não ter sido levada a esse ponto. Nos últimos dez anos e meio, o governo tem procurado se manter formalmente a uma distância segura dos grandes temas que mobilizaram o país e que poderiam respingar em Brasília, como o julgamento do Mensalão. A dimensão dos protestos - inacreditáveis mais de 100 mil pessoas no Centro do Rio - impôs uma resposta, que pode ser lida de pelo menos duas maneiras.
     Ao afirmar que o direito à manifestação é uma conquista da democracia, nossa presidente limitou-se ao óbvio. Quando faz a ressalva sobre manifestações pacíficas e ordeiras, embora também óbvia, admite, de alguma forma, que o Estado tem a obrigação de garantir que elas, as manifestações, mantenham-se dentro dos limites impostos pela Lei. É uma espécie de autodefesa. Ninguém pode imaginar passividade frente a turbas que tentem, por exemplo, invadir o Alvorada. Por mais que suas bandeiras sejam respeitáveis.
     Acostumado historicamente a estar do lado da atiradeira, o grupo que está no Poder nacional não tem sabido reagir. Num primeiro momento, defendeu a ordem. Em seguida, aproveitou a chance para criticar o uso de violência por governos liderados por oposicionistas. Hoje, quando temeu até mesmo a ocupação do Palácio, Dilma tentou encontrar uma saída nessa encruzilhada.
     Seu aliado, o governador fluminense Sérgio Cabral, foi atropelado pela tibieza e viu-se obrigado a recorrer a forças de choque para tentar controlar uma situação que delineava-se altamente arriscada. Outro parceiro do poder, o presidente interino do Congresso, o petista André Varga, ao ver que a Casa estava sitiada e prestes a ser invadida, também chamou a polícia.
     Está mais do que na hora de o país se rediscutir.

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